Via Campesina: Solidariedade dos movimentos populares brasileiros ao povo da Venezuela.

créditos: Via Campesina

Ante as polêmicas relacionadas com o processo eleitoral venezuelano, gostaríamos de manifestar nossa opinião.

Desde que Hugo Chávez ganhou as eleições em 1998, até hoje, o governo dos Estados Unidos e seus interesses petrolíferos, movem uma guerra sem fim contra o povo da Venezuela.

Decretaram boicote a venda de seu petróleo, sequestraram contas no exterior, roubaram recursos depositados em vários bancos, e no último mês sequestraram até um avião cargo da empresa estatal em Buenos Aires, auxiliado pelo governo Milei, apesar de ter sido vendido legalmente para a empresa venezuelana, o levaram para Miami, desmontaram, com medo de que algum tribunal internacional mandasse devolvê-lo.

Impuseram um presidente fantoche, o sr. Guaidó, que praticou uma série de crimes, além de se apropriar de mais de 50 milhões de dólares, denunciados por seus comparsas. Hoje vive nos EUA, protegido pelas autoridades.

A Venezuela tem um sistema eleitoral democrático, que usa urnas eletrônicas e que tem também voto impresso, para checagem. Realizou mais de 30 eleições nesse período. Todas auditadas por autoridades judiciais internacionais, inclusive do Brasil.

Nestas eleições se elegeram governadores, prefeitos e deputados da oposição ao chavismo, sem que ninguém tenha protestado. A campanha contra urnas eletrônicas tem sido uma prática da extrema-direita em vários países e também aqui.

O poder eleitoral é independente e está ao mesmo nível do que o Judiciário, o Legislativo e o Executivo. Seus membros são indicados pela sociedade, universidades e os partidos políticos e nomeados pela Assembleia Nacional. No atual conselho, dois dos cinco membros foram indicados por partidos de oposição.

Maria Corina Machado, representante da extrema-direita, “bolsonarista” tentou concorrer às eleições ainda sabendo que já estava impedida pelo poder judiciário, há seis meses, por crimes de corrupção, traição à pátria e tentativas de golpe, patrocinadas por ela e seu movimento que não está registrado como partido político. O Tribunal Supremo revisou o caso dela e reafirmou que era inelegível, assim como aconteceu com Bolsonaro por aqui.

Com uma jogada de propaganda sabendo que estava inelegível, de última hora indicou a sra. Corina Yoris, porém esta pessoa não tinha o apoio de nenhum partido político E nem apresentou os requerimentos das assinaturas do 5% do padrão eleitoral para se inscrever de acordo com as leis eleitorais. O conselho eleitoral rejeitou por unanimidade. Como com frequência acontece aqui no Brasil.

Estão inscritos para concorrer 13 candidatos, sendo 12 de oposição, entre eles um governador de oposição, do estado de Zulia que já disputou a Presidência contra Hugo Chávez em 2006. Um total de 37 partidos políticos participaram, 70% deles fazem oposição ao governo.

Há total liberdade de imprensa no país, com diversas televisões e jornais que fazem oposição aberta ao governo, onde os opositores falam o que querem. Ao contrário daqui, que só tem acesso a televisão, quem defender as ideias da burguesia, inclusive em temas internacionais.

O Bloqueio econômico dos ESTADOS UNIDOS, a impossibilidade de peças de reposição para a indústria petroleira e queda das exportações trouxeram enormes dificuldades econômicas para a população e muitos deles, resolveram migrar por motivos econômicos. Como aliás tem acontecido com o povo de todos os países da América Latina, basta olhar para a fronteira do México. E como aqui no Brasil com os milhares de brasileiros que migraram para os Estados Unidos e para Portugal.

Nos últimos anos, a Venezuela sofreu tentativas de invasão militar, por mar e através da Colômbia, que foram debeladas pelas forças públicas, com total apoio do povo.

O presidente Maduro tem sofrido tentativas de assassinatos, inclusive através de drones, que também foram evitados e seus autores presos.

O Povo da Venezuela precisa que haja justiça internacional para devolver os bens no exterior, como as suas reservas em ouro, sequestradas pela Inglaterra.

O Povo da Venezuela precisa que cesse o bloqueio econômico e que possa usar seu principal patrimônio do Petróleo, para recuperar o desenvolvimento do país.

Está claro, que está em curso uma campanha difamatória articulada pelos interesses econômicos dos Estados Unidos, com a imprensa burguesa de todo continente, para difamar o processo eleitoral venezuelano. E não aceitar desde logo seus resultados. Nenhum governo tem direito de se meter nos assuntos internos de outros povos. E na nossa constituição é defendido o direito da autodeterminação dos povos.

Conclamamos a que todos os movimentos populares brasileiros, as centrais sindicais, os partidos políticos, as associações de juízes e ministério público, viagem para Venezuela e acompanhem in loco o processo eleitoral.

Conclamamos a que todos os movimentos populares e a esquerda brasileira sejamos solidários com o povo venezuelano, e denunciemos as ações do governo americano e seus tentáculos, insertos nos planos de guerra hibridas, em curso há tantos anos.

Conclamamos a que todos sejamos igualmente solidários com os pobres dos Estados Unidos, com o povo do Haiti, Palestina, Cuba, Puerto Rico e dos países do SAEL africano, que estão enfrentando os mesmos interesses do império americano e de seus aliados europeus. Assim como o império Frances está sendo enxotado da África depois de ter roubado tantas riquezas naturais.

Há 25 anos o povo venezuelano vem sofrendo as consequências da guerra hibrida imposta pelo governo dos Estados Unidos e suas petroleiras. E apesar dos prejuízos e dificuldades sempre venceu e vencerá novamente.

                                                                                                                                                               Brasil, 03 de abril de 2024.

 

1.Segue-se os nomes dos Movimentos Populares e Partidos

Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil – CONTRAFBrasil

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil- CTB Centro brasileiro pela paz-CEBRAPAZ

Central de Movimentos Populares-CMP

Centro de estudos de religiões de matriz africana-CENARAB Coordenação nacional de comunidades Quilombolas-CONAQ Conselho Pastoral dos/as Pescadores/as- CPP

Frente Evangélica pelo Estado de Direito

Levante Popular da Juventude – LPJ Marcha Mundial de Mulheres- MMM

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra- MST

Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais – MPP

Movimento Brasil Popular – MBP

Movimento de Mulheres Camponesas – MMC

Movimentos dos Atingidos por Barragem – MAB

Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA Movimento dos Trabalhadores Desempregados- MTD

Movimento pela Soberania Popular na Mineração – MAM

Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo – MTC Partido comunista do Brasil-Pcdob

Rede de Médicos e Medicas Populares- RMMP Uniao da juventude socialista-UJS

 

2. Adesões de personalidades e representantes da sociedade brasileira.

Acilino Ribeiro – dirigente do PSB Ariovaldo santos, pastor evangélico Beto Almeida, jornalista

Breno Altman, jornalista

Celia Gonçalves, makota do povo de terreiro. Cesar Silva Fonseca, jornalista

David Stival, ex-presidente do PT-RS, professor universitário Eduardo Moreira, empresário e comunicador

Frei Sérgio Gorgen, frade franciscano

Georgina de Queiroz, professora Guilherme Estrela , geólogo da Petrobras

Joao pedro stedile, ativista da reforma agraria.

José Reinaldo Carvalho, jornalista, presidente do Cebrapaz Júlio Flávio Gameiro Miragaya, economista

Leila Jinkings, jornalista

Luis Sabanay, pastor presbiterano Marcelo Barros, monge Beneditino Maria luiza Busse, jornalista da ABI Mario Vitor santos, jornalista

Monica Buckmann, professora Universitaria

Ney Stronzake – Advogado Nilza Valeria, jornalista Oswaldo Maneschy , Jornalista

Paulo Miranda, Diretor da TV Comunitária de Brasília

Pedro Augusto Pinho, ex-presidente da AEPET e do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra

Confira no pdf abaixo:

Solidariedade dos movimentos populares brasileiros ao povo da Venezuela

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