Seduc e UFMT promovem formação para professores quilombolas

Curso conta com a participação dos professores que atuam nas cinco escolas quilombolas de Mato Grosso

Garantir a formação continuada dos profissionais da educação quilombola e a valorização dos conhecimentos ancestrais africanos no processo de aprendizagem, em conexão com a identidade negra e quilombola.
Esses são os objetivos do Curso de Formação de Professores em Território Quilombola, realizado pela Superintendência de Diversidade, da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc), e o Núcleo de Estudos de Pesquisa sobre Relações Raciais e Educação (Nepre) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
A primeira etapa da formação começou nesta segunda-feira (03.07) e conta com a participação dos professores que atuam nas cinco escolas quilombolas de Mato Grosso, situadas nos municípios de Vila Bela da Santíssima Trindade, Barra do Bugres, Chapada dos Guimarães, Santo Antônio de Leverger e Nossa Senhora do Livramento.
Para o superintendente de Diversidades da Seduc, Admilson Assunção, a superintendência trabalha visando a proficiência do aluno, mas sem esquecer a diversidade.
“A educação quilombola tem especificidades e nós as trabalhamos nessas formações. Além dos conteúdos teóricos, temos as disciplinas práticas, que são as principais diferenças dessa educação, como por exemplo, as ações voltadas para o cuidado com o solo, técnica de plantio e cultivo, cultura, origem e identidade”, destacou.
Ainda conforme Admilson, a superintendência defende uma educação onde os alunos sejam reconhecidos como cidadãos do mundo, seja atuando nuas comunidades, ou vivendo fora delas, tendo acesso a uma universidade e outros meios.
“Não oferecemos uma educação que os limita. Entendemos que eles são cidadãos do mundo e a formação é para isso, ajudar a fortalecer um conhecimento que vai além do teórico, mas também um prático, para ser usado no dia a dia”.
A coordenadora do Nepre, Cândida Soares da Costa, também destacou a necessidade de trabalhar as especificidades da educação quilombola. “Questões de preservação cultural e das práticas de vida das comunidades, os aspectos da história dos quilombos no país, temos que atender tudo isso, dentro da educação escolar, não só para os estudantes que estão na comunidade, mas também para aqueles que estudam fora da dela”.
Segundo ela, a formação faz parte de um contexto que já vem ocorrendo desde 2014, visando atender as necessidades dos professores quilombolas e dos não-quilombolas, mas que atuam dentro das comunidades.
Exemplo disso, é a professora Maria Helena Tavares Dias, que atua na comunidade de Vão Grande, em Barra do Bugres. Ela, que defenderá o mestrado nos próximos dias na UFMT, é uma das formadoras, e trabalhará a identidade cultural dos quilombolas por meio das festas de santos.
Entre os formadores, também está o professor João Bosco da Silva, que é membro do Conselho Estadual de Educação. Para ele, o saber quilombola é de fundamental importância. “A formação vai atualizar os métodos de ensino desses profissionais, que podem estar longe da academia, mas estão perto dos saberes”.
A segunda etapa da formação está marcada para ocorrer de 25 a 29 de setembro e a terceira e última, dias 21 e 22 de novembro de 2017.

Vestibular 2017
O professor Admilson ressaltou que os quilombolas ainda não minorias, mas não de população, e sim na falta de políticas públicas. “Por isso, pensamos no resgate desses povos, exemplo disso é a parceria entre a UFMT e a Seduc, que vai reservar 100 vagas para alunos quilombolas no vestibular já deste ano”, lembrou.
Além disso, a Seduc vai disponibilizar transporte para os estudantes até os locais de prova, visando à oportunidade e ascensão social. “É uma das formas que temos para minimizar os problemas de preconceito e discriminação, que são fortes no nosso país”, finalizou o superintendente.

Por: Junior Silgueiro/Seduc-MT

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