21 out

Oficina de Energia e comunidades.

Entre os dias 19 e 20 do mês de outubro, aconteceu no Estado do Piauí, a Oficina de ‘Diagnóstico de Energia e Território: Acessos e Impactos nos Quilombos, a atividade foi realizada pela Conaq que contou com o apoio do Instituto Clima e Sociedade(ICS). Estavam presentes representantes quilombolas dos estados do Amapá, Goiás, Pará, Bahia, Piauí, Tocantins, Maranhão e Sergipe. O objetivo desta oficina foi elaborar um perfil quilombola frente aos impactos causados nos territórios pelo acesso à energia elétrica, seja por eólica, hidrelétrica, solar e instalação de linhas de transmissão de energia. A iniciativa visa atender às necessidades energéticas das comunidades quilombolas, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento sustentável e a autonomia desses locais historicamente desfavorecidos.

A falta de acesso à eletricidade é uma realidade em muitos quilombos, o que impacta negativamente a qualidade de vida de seus habitantes. A eletricidade é fundamental para a melhoria das condições de vida, permitindo o acesso a serviços básicos e para além disso, a falta da eletricidade condiciona o desenvolvimento econômico dos quilombos e impossibilita a criação de pequenos negócios, a geração de renda e a melhoria da educação e da saúde nas comunidades.

 

No primeiro dia, as atividades se resumiram em uma escuta qualificada das lideranças quilombolas presentes. Relatos de como se dava o acesso à energia dentro de cada comunidade, os impactos dos grandes empreendimentos que são construídos em seus entornos ou até mesmo dentro dos territórios.

 

Entre os vários impactos de grandes empreendimentos que cerqueiam as comunidades, a qualidade e os valores dos serviços são os mais implicantes dentro do problema. Além de conviver com o mínimo de energia fornecido, precisam lidar com a alta dos preços que são absurdos. De acordo com nossas fontes, alguns moradores chegam a pagar cerca de R$1500,00 em um só mês e em uma só residência.

 

“[…] tem comunidade que tem o acesso muito limitado, tipo até meio-dia tem energia e depois não tem mais. Teve alguns quilombolas que relataram que não tem geladeira em casa, uns por condições financeiras, mas outras também por conta da questão da energia.”

 

Esses impactos negativos ressaltam a importância de abordar questões de desenvolvimento energético de forma mais holística, considerando não apenas os benefícios imediatos da energia produzida, mas também os impactos de longo prazo nas comunidades locais e no meio ambiente.

As oficinas de energia nos quilombos desempenham um papel fundamental na busca por soluções para essas comunidades. E para isso, foi necessário realizar a escuta qualificada desses quilombos denunciantes. Ouvir e entender a real situação dos quilombolas que vivem nessas regiões é parte essencial dentro das oficinas. É a partir desses relatos que listamos as principais consequências que esses grandes empreendimentos causam nas comunidades.

Para Alcilene Rosa, quilombola da comunidade Quebra-Chifre, município de Riachuelo, Sergipe, a oficina foi muito importante, uma experiência única e relata que voltou pra casa mais fortalecida pela troca de experiências.

“[…] Conseguir absorver principalmente sobre as estratégias de defesa das comunidades do estado. Pretendo levar para minha comunidade, então para mim foi de suma importância!”

e complementa…

“A gente sai mais fortalecido. A gente não está sozinho, não se sente só, entendeu? A gente sabe que tem mais pessoas passando por aquilo e a gente imagina que o que a gente está passando, outras comunidades não passam, mas é pelo contrário, até passam coisas piores do que nós”

O fortalecimento das comunidades e as promoções da participação ativa dos quilombolas no processo de tomada de decisões relacionadas à energia é extremamente importante para desenvolver essas soluções. Isso ajuda a O fortalecimento das comunidades e as promoções da participação ativa dos quilombolas no processo de tomada de decisões relacionadas à energia é extremamente importante para desenvolver essas soluções. Isso ajuda a empoderar as comunidades, permitindo que elas definam suas próprias prioridades e metas de desenvolvimento.

O Diagnóstico de Energia e Território: Acessos e Impactos nos Quilombos desempenham um papel crucial na melhoria das condições de vida, no desenvolvimento sustentável e na autonomia das comunidades quilombolas. É uma maneira das comunidades quilombolas se tornarem protagonistas de seu próprio desenvolvimento e avançarem em direção a um futuro mais sustentável.

Discutir e diagnosticar esses impactos é o primeiro passo para a construção de um plano estratégico que ofereça uma base para as comunidades quilombolas fortalecerem seus passos de enfrentamento a esses grandes problemas.

Como principal encaminhamento, a comissão responsável pelo acompanhamento, registros e organização da oficina dará continuidade nos procedimentos de escuta e compartilhamento de soluções emergenciais que atendam esses quilombos impactados.

Principais impactos relatados pelas comunidades quilombolas:

1. A construção de grandes empreendimentos de energia pode limitar o acesso das comunidades locais a recursos naturais, como água e terras agrícolas. Isso pode impactar a capacidade dessas comunidades de sustentar suas práticas tradicionais e de subsistência.

2. A construção de grandes projetos de energia muitas vezes requer a desapropriação de terras, levando ao deslocamento de comunidades rurais inteiras. Isso pode resultar na perda de laços culturais e sociais, bem como na perda de meios de subsistência tradicionais.

3. A alteração do ambiente natural para a instalação desses empreendimentos pode ter impactos negativos na fauna, flora e ecossistemas locais. A construção de barragens, por exemplo, pode interromper habitats naturais, afetar rotas de migração de espécies animais e até mesmo levar à extinção de certas espécies.

4. Muitas vezes, esses empreendimentos geram poluição sonora, visual e, às vezes, poluição do ar e da água. Isso pode afetar negativamente a qualidade de vida das comunidades rurais, interferindo em suas atividades diárias e prejudicando sua saúde física e mental.

5. Embora esses projetos possam trazer empregos temporários, a longo prazo, muitas vezes não geram oportunidades econômicas significativas para as comunidades locais. Além disso, a distribuição desigual dos benefícios econômicos pode criar disparidades sociais entre aqueles diretamente envolvidos no projeto e o restante da comunidade.

6. Há riscos sérios de acidentes ou falhas que podem colocar em risco a segurança das comunidades locais. Por exemplo, vazamentos em usinas de energia podem ter impactos devastadores na saúde das pessoas e no meio ambiente ao redor .

 

 

 

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