01 abr

Oficina de Diagnóstico: Energia e Território no Quilombo de Piratuba.

Entre os dias 22 e 24 de março, o Quilombo de Piratuba, situado no município de Abaetetuba (PA), foi o centro das atenções de uma iniciativa crucial para a promoção do desenvolvimento sustentável e o aprimoramento da qualidade de vida das comunidades quilombolas: a Oficina de Diagnóstico sobre Energia e Território.

Organizada pela CONAQ em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (ICS), especialistas em desenvolvimento que apoiam projetos e instituições visando o fortalecimento da economia brasileira e do posicionamento geopolítico do país, a oficina reuniu membros da comunidade, líderes quilombolas e estudiosos para discutir os desafios enfrentados no acesso à energia e seus impactos no território quilombola. Representantes de diversos estados, incluindo Amapá, Tocantins, Piauí, Ceará, Pará, Mato Grosso do Sul e Goiás, estiveram presentes.

Durante os três dias de evento, temas cruciais foram abordados, como a análise das demandas energéticas das comunidades, os obstáculos para o acesso a serviços básicos e as possíveis soluções para garantir uma energia limpa, acessível e sustentável. Além disso, a oficina proporcionou um espaço para compartilhamento de experiências e boas práticas entre os participantes, visando fortalecer as capacidades locais e promover a autossuficiência energética nas comunidades quilombolas.

Esta é a segunda oficina sobre o tema, seguindo a realizada em outubro de 2023, no estado do Piauí. O objetivo principal é levantar os impactos diretos causados pela distribuição de acesso à energia elétrica nas comunidades quilombolas. O Quilombo de Piratuba, por exemplo, é afetado diretamente por sete linhas de transmissão de energia, com serviços de qualidade insatisfatória e impactos sociais, ancestrais e ambientais, sem Consulta Livre, Prévia e Informada.

O Pará abriga duas das mais importantes hidrelétricas do país, localizadas nos municípios de Tucuruí e Altamira/São Félix do Xingú, que juntas somam 97,6% do potencial energético do estado. O Pará é um dos maiores produtores e exportadores de energia elétrica do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

“Os órgãos que deveriam nos ajudar parecem não nos enxergar; nossa dor parece não ter importância”, desabafa Wilma Cardoso Ferreira, liderança da comunidade, demonstrando a frustração com a falta de atenção às necessidades das comunidades quilombolas.

Além dos desafios energéticos, o Quilombo de Piratuba enfrenta impactos causados por grandes empresas que cercam a comunidade, resultando em invasões territoriais e restrições ao acesso a áreas de extrativismo vital para a subsistência local.

A importância desse evento transcende a busca por soluções imediatas. Ele representa um passo significativo rumo à construção de um futuro mais inclusivo e sustentável para os quilombos, reconhecendo o território e a energia como pilares fundamentais para o desenvolvimento socioeconômico e cultural dessas comunidades. Ao final da oficina, planos de ação foram delineados para implementação em colaboração com as lideranças locais e órgãos competentes, visando transformar desafios em oportunidades e construir um futuro mais promissor para o Quilombo de Piratuba e região.

Share This