http://conaq.org.br/example-of-biographical-sketch-essay.

Nota de Repúdio da CONAQ

Nós quilombolas de todo o Brasil vimos por meio da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas – CONAQ, e em especial, nós mulheres negras quilombolas, repudiar publicamente as declarações da Ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois. A senhora Ministra mais uma vez estampa o tamanho da ignorância e desrespeito com o movimento de mulheres e em especial a luta e resistência das mulheres negras. Querer nos dar como padrinho, ou seja, um segundo pai, um senhor que exerce o poder fruto de um golpe e que não esconde seu machismo, racismo e desrespeita profundamente às mulheres. Um governo ilegítimo que destrói todas as políticas destinadas às mulheres e que, de forma deliberada acaba com o Ministério das Mulheres Igualdade Racial e Direitos Humanos e todas as políticas, desmantela todos os espaços governamentais de elaboração e execução de políticas para as mulheres e para os trabalhadores/as rurais de todo o Brasil. Lamentamos que a única mulher negra em um cargo ministerial seja considerada ‘afilhada’ de um governo golpista, assim reproduzindo o velho estereótipo do (a) negro (a) da Casa Grande que precisa ser apadrinhada para ser respeitada ou ‘não ser esquecida’.
Nós mulheres negras quilombolas exigimos sua retratação pública imediatamente. Chega! Resistimos aos navios negreiros, resistimos ao sistema escravista e não será uma representante de um governo golpista que irá usar sua toga para nos impor seus gostos e caprichos e escolher como padrinho um homem branco representante dos escravocratas,  que não nos representa e nem muito menos o escolhemos e não demos autorização senhora Ministra para falar em nosso nome. Não somos suas, e a senhora não nos representa. A senhora certamente não conhece ou finge não ouvir os clamores das ruas que gritam FORA TEMER! A senhora não dialoga com os movimentos de mulheres negras que lutam pela autonomia e liberdade. Senhora ministra, respeite ao menos o nosso posicionamento: Temer e seus gestores (as) não nos representam.  Somos filhos e filhas da luta e resistência de um povo que mesmo diante da opressão, lutou e continua lutando. Por isso, conhecemos e respeitamos a história de nossos ancestrais e não vamos nos curvar diante de mais esse ataque dos golpistas.

Por fim, não queremos e não aceitaremos servir como carta coringa para sensibilizar ou emocionar aquele que nos ataca diariamente retirando nossos direitos. Basta!

Temer não é nosso Padrinho! Jamais será!

Brasília/DF, 17 de abril de 2017.

Coletivo de Mulheres da CONAQ

Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas

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