15 mar

Mulheres quilombolas na 68 CSW: desempenhando um papel fundamental na luta pela igualdade de gênero, justiça social e preservação da cultura afro-brasileira

Por: Nathalia Purificação 

Nesta semana, três representantes quilombolas da CONAQ participam  da 68ª Comissão Anual sobre o Estatuto da Mulher (68°CSW, em tradução), que acontece na cidade de Nova York(NY, EUA), considerado o maior encontro anual da ONU sobre igualdade de gênero e empoderamento das mulheres. O evento acontece este ano de 11 a 22 de março sob o tema prioritário “Acelerar a conquista da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, abordando a pobreza e fortalecendo as instituições e o financiamento com uma perspectiva de gênero”.

A CSW oferece um espaço para que as mulheres de todo o mundo possam estabelecer redes de apoio, trocar conhecimentos e fortalecer alianças com outras organizações e movimentos sociais em nível global. A agenda das mulheres quilombolas se inciou em um evento promovido no domingo(10) pela ONU, com o objetivo de preparação para a participação social das lideranças dentro do CSW, Laura Silva, foi a representante quilombola do Brasil na roda de conversa.

créditos: arquivo conaq

Além da preparação promovida pela ONU, as quilombolas também participaram de um momento de conversa com um grupo de ativistas de direitos humanos de várias partes do mundo. A roda de conversa aconteceu na terça-feira(12) e foi avaliado pelas mulheres como intrisseco para familiaridade com o espaço e as oportunidades.

2° Roda de conversa sobre as dinâmicas nos eventos em NY créditos: arquivo Conaq

 

créditos: arquivo Conaq

É crucial que haja essas participações para ampliação da representatividade e potencialização das vozes que debatem essas questões específicas enfrentadas por nós mulheres quilombolas. Nesta quarta-feira(13), durante  participação na edição 68 da CSW,  Drª Vercilene Dias provocou questões pontuais do direito quilombola na mesa com o tema “Addressing the root causes of poverty among women abd girls from descent comunities”

A participação da advogada quilombola na mesa com o tema “Abordando as causas profundas da pobreza entre mulheres e meninas de comunidades de descendência(tradução)” trouxe uma perspectiva crucial que muitas vezes é negligenciada. Sua experiência e conhecimento enriqueceram o debate, destacando os impactos específicos da pobreza nas comunidades de descendência, e as barreiras enfrentadas por mulheres e meninas nesses contextos. Sua voz foi fundamental para garantir que as soluções propostas abordassem as questões estruturais subjacentes à pobreza, resultando em discussões mais inclusivas e impactantes. Dias apontou como está acontecendo a sua 2° participação da CSW, no ano passado(2023) Vercilene também esteve presente.

 

 

 

“A Conaq necessita fazer esse diálogo em âmbito internacional, visibilizando as situação de nós Quilombolas que sofremos com as violências e violações sistémica de nossos direitos. Estamos entre os grupos de maior vulnerabilidade e tem sido bem interessante participar, porque vai além de vim atuar nesse espaço pelo Fórum Global de Comunidades Discriminadas, na descendência do trabalho (GFOD), que foi um fórum criado pela Conaq“ é criar uma agenda internacional para trabalhar a pauta quilombola“ – comenta a advogada da Conaq.

Drª Vercilene Dias, quilombola Kalunga, advogada e coordenadora do Coletivo Jurídico da Conaq Joãozinho do Mangal.

 

 

 

 

Esta é a oportunidade de mulheres  quilombolas compartilharem suas experiências, desafios e conquistas, contribuindo para a formulação de políticas públicas mais inclusivas e eficazes. Sua participação não apenas eleva suas vozes, mas também amplia a conscientização sobre as realidades e desafios enfrentados pelas comunidades quilombolas no Brasil.

 

“Eu como uma mulher negra, quilombola, agricultora e original do extremo norte do país(Amapá), me sinto mais potente. Estar presente para que a gente saiba como está  o status das mulheres nos outros países, ao redor do mundo. Penso na importância que o meu corpo representa para todas as mulheres quilombolas do Brasil, estando presente em um dos maiores eventos promovidos pela Organização das Nações Unidas(ONU), denunciando e levando nossas súplicas, lutas e desafios. É muito importante que a Conaq esteja presente nesse evento.” – disse Patrícia.

 

Patrícia Costa, liderança do Quilombo Alto Pirativa Amapá Gerente de núcleo de Igualdade Racial na FEPPIR e agricultora;*(créditos: aquivo pessoal)

 

É indiscutível que as mulheres quilombolas sejam representadas e ouvidas na CSW, a fim de garantir que suas perspectivas e demandas sejam integradas nas discussões e decisões relacionadas aos direitos das mulheres em escala internacional. A presença das mulheres quilombolas na CSW é um passo significativo rumo à construção de um mundo mais justo, inclusivo e igualitário para todas as mulheres, independentemente de sua origem étnica ou cultural.

Laura Silva, liderança das comunidades quilombolas do estado do Mato Grosso contou sobre o sentimento de experienciar ações para mulheres quilombolas na CSW. 

 

 

“Está na CSW 68 para mim é muito importante e me sinto honrada em poder representar todas as mulheres quilombolas do Brasil nesse espaço, onde há muitos diálogos, trocas e interação, onde as vozes se conectam na luta por direito, justiça, garantias e políticas de inclusão. Durante minha participação,  tenho contribuído em várias ações, participando de várias mesas de diálogos, principalmente discorrendo sobre a pobreza e desigualdade, as violências, as questões de gênero e principalmente dialogando sobre formas e meios de financiamento para as comunidades quilombolas do Brasil. Então estar nesses espaços também nos proporciona oportunidade, uma vez que podemos fazer negociações que fortaleçam as nossas bases e nossas lutas.” – relatou Laura.

 

 

 

Laura Silva, coordenadora executiva da Conaq e liderança do movimento quilombola do estado do Mato Grosso;*(créditos: Pedro Garcês)

 

 

Nesta semana que essas mulheres também fazem o aproveitamento da agenda para estabelecer relações com organizações sociais internacionais. É estratégico que mulheres quilombolas pensem e dialoguem para fora da bolha das políticas brasileiras, buscando recursos para buscar ações efetivas no campo internacional. 

A participação ativa das mulheres negras dos quilombos nos debates da 68ª CSW é um passo poderoso para reconhecer e enfrentar os desafios específicos que elas enfrentam. Sua presença e contribuições são essenciais para moldar políticas e iniciativas que promovam verdadeiramente a igualdade de gênero e capacitem comunidades marginalizadas. É inspirador testemunhar suas vozes sendo ouvidas em uma plataforma global tão significativa.

Confira mais momentos da agenda das mulheres quilombolas da Conaq abaixo:

créditos: arquivo Conaq

créditos: arquivo Conaq

créditos: arquivo Conaq

 

créditos: arquivo Conaq

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