16 ago

Mulheres quilombolas caminham na Marcha das Margaridas em direção ao Congresso Nacional.

No dia 14 de agosto, segundo dia da programação da Marcha das Margaridas, mulheres quilombolas que se deslocaram de todo território nacional em direção à Brasília/DF, caminharam em marcha juntamente com outras delegações e realizaram um ato de protesto em frente ao Congresso Nacional.

Foto: Nathalia Purificação

As delegações saíram do pavilhão do Parque Nacional, onde se localizava a concentração da maioria  e seguiram em caminhada por mais algumas horas. Dividida e organizada por regiões, a marcha foi caminhando aos poucos e foi puxada pela delegação do nordeste. Esse ano a marcha conseguiu reunir mais de 100 mil pessoas nas ruas de Brasília e literalmente pararam o trânsito.

As mulheres quilombolas presentes se organizaram juntamente a delegação do nordeste na saída da marcha. Com faixas e bandeiras que enfeitavam a caminhada,  elas marcaram presença nas ruas e não deixaram de expressar suas vozes como mulheres rurais. Kátia Penha, coordenadora da CONAQ, contou um pouco sobre a importância desse ato para as mulheres quilombolas.

“A marcha das margaridas esse ano de 2019 na atual conjuntura, para nós mulheres da CONAQ, participar da organização e marchar trazendo as nossas pautas de reivindicações dos territórios, faz com que a gente se fortaleça em continuar na luta por nenhum direito a menos, pela garantia dos recursos e das políticas públicas dos nossos territórios. Então, a gente traz uma pauta intensa, com vários eixos importantes e que são caros para nós enquanto comunidades quilombolas e na visão da mulher, né? A partir do olhar da mulher a gente entende que só com a organização coletiva a gente chega para garantir os direitos construídos e conquistados que na atual conjuntura, o governo quer retirar.”

Kátia Penha – Coordenadora da CONAQ.

Penha também reforça os motivos pelos quais as mulheres quilombolas marcham:

“Eu acho que as mulheres que vieram para a Marcha das Margaridas vieram com vários objetivos. A gente marcha contra o racismo, a violência e marchamos pelo bem viver em garantia dos nossos territórios, marchamos porque acreditamos que só com a nossa resistência, o nosso grito de guerra de nenhum direito a menos e de nenhum quilombo a menos, pode colocar e dar visibilidade a nossa luta, a nossa voz e aos nossos direitos. Então, eu acho que cada uma que marchou e cada uma que veio para marcha veio com esse objetivo e voltou para o seu quilombo ainda mais fortalecida por que não estava sozinha, por que lá no quilombo, nós achamos que estamos sozinhas na luta, mas quando a gente chega e encontra várias mulheres do Brasil inteiro, do campo, das águas e da floresta, a gente acredita que vale a pena continuar lutando, por direito a igualdade de justiça, por direito a igualdade a moradia, por direito a terra e por dignidade.”

Ela ainda conta um pouco como foi a experiencia das mulheres na marcha e fala da responsabilidade de levarem isso aos seus quilombos:

“A experiencia enquanto marchar e estar na marcha das margaridas, eu acho que vai ficar para cada uma de nós, inesquecível. Quando a gente fala em territorialidade, a gente compreende que não é só a regularização da terra, a territorialidade busca nossa religiosidade, busca nossa saúde, nossa educação o nosso direito de ir e vir no quilombo. Então assim, a experiencia de cada uma das quilombolas que sai daqui elas retornam de um jeito e foram transformadas, né? Para continuar levando e levantando a voz no quilombo, como sempre aconteceu, então, eu acho que a gente sai dessa marcha com uma responsabilidade de continuarmos organizando nosso povo, colocando as pautas do nosso povo em todo lugar que a gente for.”

Segundo pesquisas, a Marcha das Margaridas é realizada desde 2000 por mulheres trabalhadoras rurais de todo o país, este ano na 6° edição da marcha,  ainda teve participações das mulheres de outros países.  A manifestação é organizada pela  Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e mais 16 organizações e movimentos, dentre elas a CONAQ.  A ação acontece em Brasília/DF e é sempre realizada no dia 12 de agosto em homenagem a trabalhadora rural e líder sindicalista Margarida Maria Alves, assassinada em 12 de agosto de 1983 no estado da Paraíba.

foto: Nathalia Purificação

foto: Nathalia Purificação

foto: Nathalia Purificação

foto: Nathalia Purificação

foto: Nathalia Purificação

Segundo a organização, a primeira edição do ato aconteceu em 2000 e reuniu mais de 20 mil pessoas de todo o Brasil, na sua maioria de origem rural.

*Matéria: Nathalia Purificação – Assessoria de Comunicação CONAQ.

*Fotos: Nathalia Purificação

 

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