06 out

Morte de Mãe Bernadete é denunciada na ONU; ativistas pedem ação do Brasil

O caso do assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete é denunciado na ONU. Ativistas brasileiros usaram o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para alertar sobre a violência no país e pedir que o estado brasileiro se responsabilize e adote medidas concretas.

O assunto chega às Nações Unidas, levado pela Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Vercilene Dias, advogada quilombola e coordenadora do setor jurídico da CONAQ, lembra aos representantes da ONU que Mãe Bernardete estava sob proteção do Estado e registrada no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos no Brasil quando foi assassinada.

“As necessidades e os interesses do povo quilombola devem estar no centro das preocupações do Estado brasileiro. Precisamos de títulos de terra para nossos territórios. Precisamos de políticas específicas para nos proteger da violência. Somos invisíveis nos crimes que nos afetam. Também em agosto, o quilombola José William dos Santos Barros, vítima de violência policial na Bahia, foi assassinado”, afirma Vercilene.

Em sua fala, ela pede que o Estado brasileiro “tome providências para que possamos ter justiça nos casos de violência contra os quilombolas”. “Solicitamos o apoio deste conselho para monitorar o caso de Mae Bernadete e garantir que as investigações sigam os protocolo”, disse a advogada.

“É crucial que a justiça seja feita, que a verdade seja conhecida e que os autores sejam punidos. Queremos justiça para honrar a memória de nossa liderança perdida, mas também para que possamos afirmar que, no Brasil, atos de violência contra quilombolas não serão tolerados”, completou.

Violência no quilombo e morte de Mãe Bernadete

Mãe Bernadete, assassinada em agosto deste ano, era Coordenadora Nacional da CONAQ – e liderança quilombola do Quilombo Pitanga dos Palmares, localizada no município de Simões Filho, estado da Bahia. A execução chocou as lideranças de direitos humanos no país.

A liderança era mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos (Binho do Quilombo), liderança quilombola da comunidade Pitanga dos Palmares, também assassinado há 6 anos.

A CONAQ exige que o Estado brasileiro tome medidas imediatas para a proteção das lideranças do Quilombo de Pitanga de Palmares e de tantos outros que passam por situações de violência e ameaças. É dever do Estado garantir que haja uma investigação célere e eficaz e que os responsáveis pelos crimes que têm vitimado as lideranças quilombolas sejam devidamente responsabilizados. É crucial que a justiça seja feita, que a verdade seja conhecida e que os autores sejam punidos.

Com informações de Jamil Chade – Colunista do UOL

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