27 maio

MAPA DA DESIGUALDADE: RENDA E MORTALIDADE POR COVID-19 NAS CAPITAIS BRASILEIRAS

Por Ana Cândida, do Programa Cidades Sustentáveis | Foto: Javi Lorbada (Unsplash)Publicado em 26/05/2020 17:25:40 (há 16 horas)

Longe de serem homogêneas, as capitais brasileiras retratam a desigualdade expressa em diversos aspectos da realidade e atualmente são foco de grandes debates sobre o futuro da vida nas cidades, pois abrigam 22% da população do país, ou seja, mais de 47 milhões de pessoas.Levantamento realizado para o Mapa da Desigualdade entre as Capitais indica que aquelas com maior número de pessoas abaixo da linha da pobreza também apresentam elevada taxa de mortalidade por Covid-19. Em São Luís, Recife e Manaus, onde mais de 30% da população vive com menos de US$ 5,5 por dia (faixa que define a linha da pobreza, segundo o Banco Mundial), foram registrados mais de 40 óbitos para cada 100 mil habitantes.

Já as capitais estaduais que apresentam os melhores indicadores relacionados à pobreza também registram taxas de mortalidade inferiores às demais. Em Florianópolis, onde apenas 9% da população vive com menos de US$ 5,5 por dia, a mortalidade por Covid-19 não chega a dois óbitos por 100 mil habitantes.

 

 

 

Comparando-se os dois extremos, percebe-se que proporcionalmente o número de óbitos causados pela doença é 40 vezes maior nas capitais com maiores índices de população vivendo abaixo da linha da pobreza.

Como muitos especialistas vêm alertando, a falta de emprego, renda e acesso a bens e serviços básicos de infraestrutura aumentam exponencialmente a vulnerabilidade das populações aos efeitos do novo coronavírus. Para que possamos pensar ações efetivas para o combate à pandemia, é fundamental considerar aspectos socioeconômicos e de qualidade de vida da população, assim como as características e especificidades de cada cidade.

Dados coletados no dia 21/5/2020 e sujeitos a alteração diária. Fontes: Ministério da Saúde / IBGE (PNAD-C, 2018)

 

Sobre o Mapa da Desigualdade entre as Capitais 

A relevância das capitais, ainda maior no contexto pandêmico da Covid-19, levou o Programa Cidades Sustentáveis a coletar uma série de dados com o objetivo de observar as possíveis correlações entre os indicadores e entender melhor a oferta de infraestrutura nos 26 municípios-sede das unidades federativas – Brasília não foi incluída no levantamento –, bem como suas necessidades e fragilidades.

Esse é mais um indicador que compõe o Mapa da Desigualdade entre as Capitais, um estudo que pretende mostrar a relação entre o impacto da Covid-19 e as causas estruturantes da desigualdade no país. Com esse trabalho, o Programa Cidades Sustentáveis – que integra o projeto Citinova – espera contribuir para disseminar informações úteis aos tomadores de decisão e sensibilizar a sociedade para um problema que potencializa o impacto do vírus que hoje nos aflige: a desigualdade.

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