16 jul

JUVENTUDE QUILOMBOLA: “O FUTURO PODE SER AMANHÔ! Entrevista com Geisyane Paula- Coordenadora Executiva da Conaq, representante da Juventude

Geisyane Paula, Coordenadora Executiva da Conaq-Representante da Juventude Quilombola. Foto: Ana Carolina Fernandes

Durante o mês de junho, entre os dias 10 e 16, aconteceu a Plenária Nacional da CONAQ, no Quilombo de Mesquita- Cidade Ocidental-Goiás.

Durante os seis dias de encontro, muitas trocas e debates aconteceram. Um destes momentos, foi a Plenária Nacional da Juventude Quilombola, que ocorreu ao longo dos três primeiros dias de encontro. A juventude quilombola presente, além de compartilhar projetos de sucesso em seus estados envolvendo ações com a juventude, pôde realizar conjuntamente análises de conjuntura sobre o panorama político atual e sua relação com as comunidades quilombolas, discutir sobre o acesso às políticas públicas, a importância do jovem quilombola na luta pelo território, dentre outras pautas.

Além das discussões e trocas de informações, os jovens quilombolas elegeram uma representante para ocupar um cargo na Coordenação Executiva da Conaq, inaugurando a reserva de vaga para a juventude dentro da Coordenação Executiva.

Plenária Nacional da Juventude Quilombola 2018. Foto: Ana Carolina Fernandes

O nome que os jovens da Conaq trouxeram foi Geisyane Paula, quilombola da Comunidade Povoado Demanda, do Estado de Pernambuco.

Geisyane, tem 29 anos, é pós graduada em psicologia e estudante do curso técnico em agricultura pelo IFPE. Atua no movimento social há bastante tempo, e dentro de sua comunidade e arredores, já realiza atividades de articulação e mobilização com a juventude.

Confira um pouco da nossa conversa com a Geisyane:

  • Vaga na Coordenação Executiva da Conaq

Hoje eu faço parte da Executiva da Conaq representando a Coordenação de Juventude. É muito importante a juventude estar neste processo, a gente vai somar nas ações políticos e no histórico de luta da Conaq.

A participação dos jovens nestes espaços de empoderamento é muito importante. Eu estou aqui representando a juventude quilombola do Brasil, e conto com a participação de todos os jovens na questão de mobilizar os jovens no estados, em todas as comunidades, para que nós possamos pautar as causas da juventude: como o combate ao extermínio da juventude negra, o fim da violência contra jovens e mulheres negras quilombolas, o direto à educação, e a pauta do nosso território.

  • A Juventude Quilombola e o Futuro

Uma das questões que nos perguntam é o que é a juventude do futuro. Eu sempre respondo que nós da juventude, vamos pautar e lutar hoje pelo presente. Por que a gente tem que construir é o presente. Pensando sim no futuro, mas fazendo ações agora.

Por exemplo, a educação. A gente não vai pensar no futuro, a gente tem que estar alinhado hoje, no presente.  Por que o futuro pode ser amanhã.

A gente tenta trabalhar hoje o presente, com a perspectiva do futuro. O nosso futuro é cada dia.

Uma questão muito levantada foi a questão das Bolsas Permanências para quilombolas, indígenas e outros povos tradicionais na universidade. O futuro pode ser amanhã. Eu tenho que pensar enquanto juventude o que eu posso fazer para estar melhorando nossas vidas hoje. O nosso presente.

Juventude Quilombola presente na Plenária Nacional da Conaq. Foto: Ana Carolina Fernandes

  • Como envolver outros jovens quilombola na militância

Uma das problemáticas que a gente discutiu foi sobre os jovens que não querem participar do movimento quilombola. Uma das coisas que a gente levantou é que a gente pode pegar este jovem tendo atrativo o que ele faz, como fazer festas, fazer capacitações em campos de futebol… onde os jovens estiverem. Trazendo para eles as problemática, desafios e conquistas do povo quilombola e trazendo para eles uma responsabilidade. A gente pode pegar a dança, pegar a praia, algum atrativo que estes jovens têm e trazer para a formação do movimento da juventude quilombola.

A gente pensou em festivais nacionais quilombolas, por exemplo “O dia “D” da Juventude” pra gente vivenciar coletivamente a nossa cultura quilombola que muitas vezes nos é impedido pela sociedade. Por que muitas vezes a sociedade quer retirar de nós nossos direitos e nosso convívio.

Precisamos fortalecer em nossas reuniões de base a importância da educação. Porque o processo de educação em nossos quilombos é muito fraco. A gente tem que ter uma educação voltada para a educação quilombola.

O jovem hoje precisa de um incentivo. Mas quais são os nossos incentivos? São os atrativos que nós temos em nossas comunidades. Precisamos incentivar a participação da juventude através da valorização de nossas comunidades, fazer que os jovens se sintam importantes para as nossas comunidades e herdeiros da nossa ancestralidade.

Geisyane Paula, Coordenadora Executiva da Conaq-Representante da Juventude Quilombola.Foto: Nathalia Purificação

*Texto: Assessoria de Comunicação da Conaq

 

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