06 out

IV Encontro de Educação Escolar Quilombola em MT discute melhorias para estudantes; veja carta aberta com reivindicações

Imagem de capa: Educadoras quilombolas em encontro no Mato Grosso

Por Letícia Queiroz

O IV Encontro de Educação Escolar Quilombola: Dez anos de publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola’, em Mato Grosso, discutiu temas importantes sobre dificuldades e aprendizado de estudantes quilombolas.

 O encontro aconteceu entre os dias 21, 22 e 23 de setembro de 2022 na Escola Estadual Quilombola Maria de Arruda Muller, em Santo Antônio do Leverger, e após três dias de conversas, professores/as e lideranças quilombolas lançaram uma carta aberta à sociedade matogrossense e aos poderes públicos federais, municipais e estaduais contendo reivindicações.

 Entre as principais exigências estão: Investimentos nos transportes escolares quilombolas e melhoria das estradas; melhorias na infraestrutura das escolas; formação de professores/as para o trabalho nas ciências e saberes quilombolas; que escolas quilombolas geridas preferencialmente por quilombolas da comunidade onde a escola está inserida; ações públicas que combatam o preconceito religioso; capacitação específica para gestores quilombolas; políticas de esporte e lazer nos quilombos, entre outros.

 Leia a carta na íntegra

 O encontro, que contou com a participação do Coletivo de Educação da Coordenação de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), foi organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Quilombola – GEPEQ.

O objetivo foi oportunizar a socialização de experiências pedagógicas de professores quilombolas, somar conhecimentos relacionados a ancestralidades, saberes e fazeres das comunidades, lutar por implementação de políticas públicas, além de combater o racismo estrutural, dificuldades no acesso à educação, incluvise problemas no transporte escolar, promover visibilidade dos movimentos e lideranças negras quilombolas e apresentar problemas que trazem dificuldades para estudantes quilombolas.

 Gonçalina Eva Almeida de Santana, que é educadora quilombola e membra do Coletivo de Educação da CONAQ conta que a experiência foi enriquecedora. “O encontro foi um ganho para o movimento quilombola e para a educação escolar quilombola esses três dias de vivência, de discussão. Teve muita troca de experiência porque a gente fez resumos com relatos. Foi uma troca riquíssima de saberes e fazeres da pedagogia quilombola. Foi grandioso”, disse Gonçalina.

Além de docentes e pesquisadores envolvidos com a educação quilombola, estudantes contemplados pelo Programa de Inclusão Quilombola da UFMT, alunos do IFMT e estudantes das escolas quilombolas da rede estadual de Mato Grosso participaram.

Também estiveram presentes o secretário estadual de educação do MT, o reitor da Universidade Federal do Mato Grosso e representantes de cinco escolas estaduais quilombolas estado e das escolas municipais de dentro das comunidades e de outras instituições públicas estiveram presentes.

Gonçalina explica que nas apresentações e rodas de conversa os participantes aprenderam muito. Nas discussões foram expostos os avanços conquistados ao longo de uma década da implementação das diretrizes nacionais para a Educação Escolar Quilombola, e também os desafios.

“Falamos sobre os avanços e desafios durante esses 10 anos. O que a gente já conseguiu a partir de 2012 e o que ainda falta caminhar para que realmente se consolide essa pedagogia quilombola. Dentro desse encontro a gente pôde fazer muitas reflexões e, a partir dessas reflexões, nós construímos essa carta”, disse Gonçalina.

IV encontro teve debates e mesas redondas

Além das reivindicações sobre a Educação Escolar Quilombola, a carta apresenta exigências relacionadas ao território quilombola e acesso a políticas públicas.

As questões educacionais serão apresentadas às secretarias de educação dos estados e prefeituras de cidades onde há comunidades quilombolas, além do Ministério da Educação. “A carta vai ser partilhada e as reivindicações serão mandadas para o órgão competente. Entre os outros órgãos que devem receber a carta com as reivindicações estão o INCRA, Secretarias da mulher, de trabalho, entre outras. A gente quer que chegue nesses lugares para que as reivindicações sejam transformadas em políticas e que essas políticas consigam atender os anseios do povo quilombola”, disse Gonçalina.

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