30 nov

INCRA trabalha na finalização da entrega de documentos à comunidade quilombola Rolim de Moura do Guaporé

A comunidade quilombola Rolim de Moura do Guaporé, município de Alta Floresta (RO), é conhecida internacionalmente e recebe turista de todo o lugar, americano, australiano, argentino, etc. Tem um potencial muito grande para turismo. Há 12 anos, recebeu certificado da Fundação Palmares como comunidade quilombola que está bem desenvolvida, como por exemplo, tem bastante casa de veraneio, consórcio turístico, pousadas, entre outros. Por ser uma comunidade muito simples constituída por pessoas humildes e acolhedoras, aos poucos os moradores foram conhecendo seus direitos amparados pelo reconhecimento da Fundação Palmares, ligada ao Ministério da Cultural. Atualmente, os moradores têm se dedicado a participar de reuniões com entidades governamentais, órgãos de representação da Prefeitura de São Francisco do Guaporé e Câmara de Vereador para que suas vozes sejam ouvidas, bem como suas reivindicações sejam atendidas, o que está acontecendo em razão da forma atual de vivência por parte dos membros da comunidade que procuram se interagir junto a outros seguimentos para que a comunidade possa receber assistência e benefícios por parte dos poderes constituídos, fazendo assim que os moradores tenham melhores condições de vida, de respeito, de reconhecimento de valorização de outras pessoas. Apesar de que a comunidade seja reconhecida pela fundação há mais de 12 anos, somente há um ano é que os moradores tiveram essa informação, aumentando significativamente o orgulho de todos que moram na comunidade pelo fato de que o reconhecimento de uma fundação tão importante quanto essa ligada à luta dos negros no Brasil, os moradores agora podem dizer que foi possível de conquistar esse direito tão importante no fortalecimento dessa pequena comunidade negra que vive próxima do Rio Guaporé, município de São Francisco do Guaporé. A comunidade convive pacificamente com outra etnia ligada aos indígenas, o que demonstra claramente a grande união em torno de dois povos que ainda não conquistaram totalmente seus direitos, mas estão procurando no dia a dia fazer com que não só a classe política, mas também de toda a sociedade no geral, possam ver os negros e também os índios como irmãos e amigos de todos, sem preconceito, sem raça, sem credo, contrários a todo tipo de intolerância, mostrando a capacidade de vivência harmônica e solidária.

UMA COMUNIDADE SEM CONFLITOS

A comunidade não tem conflito contra povos e há uma boa convivência entre todos, inclusive com alguns bolivianos que moram no local. Existe casal formado por quilombola com índio e também com boliviano, virando assim uma só família onde todos respeitam os demais de outras etnias. Porém, com o desenvolvimento da comunidade, algumas pessoas perderam suas culturas próprias,  tradições, festas culturais, religiosas, fazendo com que aquela vida coletiva da comunidade negra perdesse um pouco suas características, mas nada que atrapalhasse a vida própria dos moradores quilombolas, até porque todos eles têm muito respeito por outras comunidades, o que não atrapalha em nada que ambos possam viver de forma igualitária, mas com costumes diferentes.

REGULARIZAÇÃO DOS IMÓVEIS

Como em todas as comunidades quilombolas espalhadas pelo Brasil afora, a de Rolim de Moura do Guaporé, vem recebendo institucional por parte do INCRA e do Ministério Público Federal, que são parceiros dos povos negros ali estabelecidos. Com relação à regularização dos imóveis na comunidade, o instituto tem trabalhado para que em breve possa receber título das terras, como está acontecendo na comunidade quilombola de Santa Fé em Costa Marques, que no próximo mês vai receber uma caravana de autoridades compostas por funcionários do próprio INCRA, Ministério Público Federal, entre outros, para que a entrega de toda a documentação necessária à regularização dos imóveis dos moradores presentes nessa localidade. Os trabalhos na comunidade Rolim de Moura do Guaporé estão avançados para que os moradores possam receber também seus documentos, tornando esse sonho em realidade, uma vez que técnicos do INCRA estão sempre na comunidade fazendo levantamento dos moradores e seus cadastramentos para que possam ter seus direitos garantidos e morar tranquilamente sem preocupação de que algumas pessoas oportunistas possam querer uma fatia das terras, o que certamente não vai acontecer em razão da normalidade e da legalidade dos imóveis conquistados pela comunidade que vive no local há anos e somente agora está sendo prestigiada por órgãos governamentais que reconheceram a importância desses afrodescendentes que ajudaram na construção do Brasil.

Jornalista Ronan Almeida de Araújo é registrado profissionalmente na Delegacia Regional do Ministério do Trabalho no Estado de Rondônia sob 431/98

*Matéria publicada originalmente no site Giro Central, em 29 de novembro de 2018

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