Eventos resgatam história de comunidade quilombola em Sergipe

Representantes do Incra em Sergipe acompanharam a segunda etapa das “Rodas de Conversa”. O evento foi realizado, dia 16 de junho, no povoado Santa Cruz, na comunidade quilombola de Brejão dos Negros, em Brejo Grande, no interior sergipano, e integra as ações previstas em uma chamada pública do Ministério do Meio Ambiente.

“A comunidade de Brejão dos Negros foi uma das cinco selecionadas em todo o país pela chamada pública. Eles receberam recursos para a execução de um projeto de caráter socioambiental e vão promover eventos como esse, que fortalecem a identidade e o resgate cultural das famílias”, afirmou Sany Mota, coordenadora de regularização fundiária quilombola do Incra/SE.

Nas “Rodas de Conversa”, além da apresentação de danças e cantigas, os moradores mais idosos relatam aos jovens e crianças um pouco da história da comunidade, relembrando as atividades laborais realizadas e enfatizando as dificuldades resultantes da degradação ambiental na região. “É uma comunidade que sofre muito com a inserção da carcinicultura (criação de camarões) e o processo de salinização das águas do rio São Francisco, que afetam duramente a extração de caranguejo e a produção de arroz. O projeto traz a oportunidade de se discutir isso e dá à comunidade a possibilidade de um primeiro passo para o amadurecimento da gestão territorial”, avaliou Sany.

O projeto prevê a realização de quatro “Rodas de Conversa”, nos quatro povoados que compõem a comunidade de Brejão dos Negros. Em maio, o primeiro evento foi realizado no povoado Resina. Em julho, na terceira etapa, a roda será promovida em Brejão e em agosto, no povoado Carapitanga.

Ao final do ciclo de “Rodas de Conversa” será elaborada uma cartilha com contos e cantigas resgatados nos eventos.

Investimento

Além de estabelecer a realização das “Rodas de Conversa”, a chamada pública definiu também a destinação de R$ 130 mil à comunidade de Brejão dos Negros para a execução de projeto socioambiental.

Os recursos, provenientes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), estão sendo aplicados na construção e estruturação de uma unidade de beneficiamento de óleo de coco, que funcionará como alternativa econômica à carcinicultura. “É um investimento extremamente importante, porque permite a estruturação de uma atividade tradicional da comunidade, favorecendo a inclusão de um número maior de famílias e oferecendo uma alternativa econômica que contribui para a preservação do meio ambiente”, analisou Pedro Lacerda, superintendente regional do Incra/SE.

As obras para a construção da unidade de beneficiamento já estão em andamento e têm prazo de conclusão de quatro meses. A previsão é de que a unidade permita a inclusão direta e indireta de 50 trabalhadores, reduzindo a migração das famílias para atividades como a carcinicultura, que afeta as áreas de mangue da região.

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