Continuidade do FAMA e construção do Congresso do Povo apontam próximos passos

Continuidade do FAMA e construção do Congresso do Povo apontam próximos passos

“O inimigo colocou a luta de classes em um patamar sem volta, por que ele vai arrancar de nós até a última gota do nosso sangue sem piedade, cada dia é um direito que vai pelo ralo, é a vida de uma trabalhadora que se acaba”, indigna-se Eliane Martins, do Movimentos dos Trabalhadores por Direitos (MTD), participante da última mesa de debates do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), na tarde desta quarta-feira (21).

A militante fez uma convocatória para a luta diária, organização e construção da unidade junto com aqueles que acreditam na vida digna e boa para todos.

Ao longo dos cinco dias de FAMA, as plenárias unificadas de debate apontaram um cenário de avanço do capital em crise, com exploração e mercantilização dos recursos naturais, entrega e privatização das riquezas dos países a empresas estrangeiras, perda de direitos e perseguição e criminalização da luta. O debate “Projeto dos povos para água” reforça a necessidade de organização luta e unidade da classe trabalhadora, além da continuidade dos trabalhos do FAMA após o fim da atividade.

A defesa e cuidado com a Casa Comum foi lembrado por Dom Leonardo, da CNBB, afirmando que é preciso garantir a preservação da natureza e das matas. “É fundamental estarmos atentos na relação de tudo com a água. Somente com a preservação das matas vamos continuar com nossos rios aéreos e isso é o que garante as chuvas em toda a nossa Casa Comum”, alerta.

Dom Leonardo aponta que o Congresso Nacional tem aprovado projetos sem o conhecimento público e é importante que as organizações não deixem de fazer essa vigilância. O clérigo convoca ainda para continuidade da luta após o término do FAMA, com ações cada vez mais ativas. “Que todos nós que iniciamos essa caminhada ousemos continuar. Não somos homens e mulheres que desanimam diante de dificuldades e problemas, queremos lutar com esperança”, conclui.

As próximas tarefas estão no campo da política, de acordo com Eliane. Ela vê que o processo eleitoral é algo que exige envolvimento, mas sem falsas esperanças. “Esqueçam as eleições que a gente viveu até agora, essa será outra coisa, é a luta de classes. E quem não estiver de um lado vai estar do outro”, alerta.

Além do trabalho imposto pela conjuntura, as forças devem estar voltadas para a construção e consolidação das frentes de unidade, a Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, que se colocam como ferramentas para o diálogo e formação junto à população brasileira, com foco na realização do Congresso do Povo. “Devemos ir para as escolas públicas, universidades, pontos de ônibus, entradas de fábricas, bater de porta em porta. Conversar sore a realidade do nosso país, sobre a crise que vivemos e como construir saídas para ela”, explica.

Fernando Cavelo, de Cuba, parabeniza a realização do FAMA e reforça a importância da luta organizada. Ele cita uma célebre frase de Fidel Castro que diz ‘homens que lutam um dia são bons, os que lutam vários dias são melhores, mas os que lutam a vida inteira são imprescindíveis’. “Nós somos os imprescindíveis, devemos seguir unidos e lutando de todos os nossos territórios, defendendo direitos, pois quando um povo unido defende uma causa justa, a injustiça treme”, inspira.

Texto: Maíra Gomes (MAB) / Foto: Matheus Alves (LPJ)

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