25 jan

CONAQ das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul debate sobre a vacinação nos territórios quilombolas

Por Jéssica Martins e Walisson Braga

Nesta sexta-feira,22, aconteceu a segunda parte da reunião com lideranças quilombolas e coordenadores da Conaq, com participação das Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul para discutir o calendário de vacinação do Governo Federal junto aos Estados e municípios que possuem territórios quilombolas. O intuito do encontro foi debater sobre a logística dos Governos Federal, Estaduais e Municipais a respeito do plano de imunização contra a COVID-19 para a população quilombola. Na reunião também foram pautados alguns problemas enfrentados pelos quilombolas desde o início da pandemia, bem como as possíveis soluções.

Com o objetivo realizar incidências junto aos estados e municípios, a Conaq por meio das coordenações estaduais está enviando ofícios para serem protocolados nas secretarias de saúde tanto estadual quanto municipal, nos quais buscam uma resposta e/ou posicionamento sobre a imunização nos territórios quilombolas.

 Para além disso, é necessário indagar como inserir os quilombolas no grupo prioritário, sendo que o SUS não dispõe de vacinas suficientes nem para os profissionais de saúde. Foi relatado pela Coordenadora Executiva da Conaq, Sandra Maria da Silva, que em alguns municípios do estado de Minas Gerais chegaram apenas 12 vacinas. As quatro fases, divulgadas pelo Ministério da Saúde, abrange especificamente o grupo prioritário, porém, é preciso traçar estratégias para que de fato os quilombolas possam ser imunizados.

 

Desafios e expectativas: Centro-Oeste

 

 No Estado de Goiás, foi encaminhado um ofício para o Governo do Estado, também foi iniciado o levantamento do quantitativo de quilombolas presente no estado para que estes números sejam repassados para secretaria estadual de saúde.Segundo a Coordenadora Executiva da Conaq, Sandra Braga, alguns quilombolas já foram vacinados, mas por estarem compondo o grupo profissionais da saúde. A relevância de buscar saber quem são os quilombolas que estão na linha de frente, na luta contra a Covid, é necessária e o estado de Goiás tem procurado esses profissionais para que haja também um fortalecimento das comunidades quilombolas.

 

 Em Mato Grosso, das doses disponibilizadas para o estado, nenhuma foi destinada aos quilombolas, as lideranças quilombolas têm realizado monitoramento da distribuição. Segundo a Coordenadora da Conaq Laura Silva, recentemente foi confirmada a morte de uma quilombola e a sua preocupação é que dentro do plano operacional do estado, os quilombolas ainda não foram citados como grupo prioritário, e desde o início da pandemia, tiveram diversos quilombolas que morreram em decorrência da Covid-19 mas não foram contabilizados.

 

Desafios e Expectativas: Sudeste

 

 No Espírito Santo, foram disponibilizadas 100.000 doses da vacina, entretanto até agora não foi imunizado nenhum quilombola. Foi proposto fazer a listagem dos que vivem nas comunidades que têm mais de 60 anos, visto que estes estão inclusos no plano de vacinação, mas podem ficar de fora devido ao isolamento decorrente da pandemia. Segundo o coordenador da Conaq Arilson Ventura, vivemos para além de uma crise na saúde, uma crise política, pois o posicionamento do governo federal evidencia um presidente omisso, inconsequente e irresponsável, já que sua maneira de “governar”, é baseada em seu ponto de vista e não nas necessidades do povo.

 

Em São Paulo tornou-se uma competição entre os governos estadual e federal quanto à vacinação, e em meio à essa disputa está uma população preocupada, esperando ser imunizada. Segundo o Coordenador Executivo Denildo Rodrigues, alguns quilombolas do estado já começaram a ser vacinados, sendo estes idosos, porém, devido às poucas doses, nem um terço da comunidade quilombola receberá a vacina.

 

No estado do Rio de Janeiro, a Covid-19 matou grandes lideranças importantes para o povo quilombola, mas o Governo Federal continua não oferecendo o direito mínimo, que é o da saúde de qualidade. Segundo o Coordenador da Conaq Ronaldo dos Santos, alguns quilombolas do estado foram vacinados, mas por estarem no grupo de profissionais da saúde e outros por serem idosos e o governo local diz que não tem a possibilidade de disponibilizar vacinas para os quilombos sob a alegação de não saber o quantitativo de quilombolas presentes no estado.

 

Desafios e Expectativas: Sul

 

 No Rio Grande do Sul, a expectativa é enorme: incluíram algumas comunidades quilombolas no grupo preferencial, onde houve um cadastramento das mesmas. Segundo a Coordenadora Executiva da Conaq, Ana Maria, os governantes do Estado aceitaram a ação judicial de pedido de entrada na lista de prioridade de imunização.

Mobilizar os estados é uma das propostas a serem seguidas, uma vez que, também precisa sensibilizar as comunidades a tomarem a vacina, pois as fake news têm se propagado neste período de combate ao Coronavírus.

Outro combate citado pelas lideranças, são as propagandas de Marketing, pois segundo relatos, estão usando um ou dois quilombolas para serem vacinados, e estão jogando nas mídias sociais que o “quilombo” foi vacinado, sendo que essa realidade não existe.

Também é preciso conscientizar e monitorar os territórios quanto ao isolamento, visto que não há previsão de quando todos serão imunizados, e em diversas comunidades, festas e visitas ainda continuam suspensas.

 

Encaminhamentos

 

  1. Realizar incidências políticas junto aos governos estaduais;
  2. Fazer o levantamentos de dados quantitativos de quilombolas presentes nos municípios;
  3. Realizar reuniões estaduais com lideranças quilombolas, para se organizarem e realizarem cobranças conjuntas e assim, assegurar que a vacinação seja realizada nos territórios quilombolas.
  4. Manter o controle do isolamento social das comunidades quilombolas, pois a pandemia e a contaminação ainda continuam.

 

Imagem de capa: Foto_Ana Mendes_ comunidade Mamuna fica a 35 km da cidade de Alcântara

Share This