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Censo 2022: Quilombolas de todo o Brasil vão ser recenseados pela primeira vez

Imagem de capa: Quilombo Mimbó – Piauí

Por Maryellen Crisóstomo

O Censo demográfico de 2022 está coletando dados específicos sobre a população quilombola brasileira. Essa é a primeira vez em 150 anos que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza esse levantamento. A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) está diretamente envolvida no processo de inclusão dos quilombolas no Censo.

“Os quilombos ficaram por muito tempo, desde a sua chegada forçada ao Brasil, na invisibilidade. Anos depois veio uma lei que se diz abolir, que não resolveu e que não mostrou e não retornou nada de positivo para esses grupos e a Constituição de 88, que nós precisamos afirmar, que é a Constituição Cidadã, ela reconhece esses grupos como sujeitos de direito. Porém os quilombos ainda não fazem parte dos dados estatísticos do próprio Estado brasileiro”, aponta a co-fundadora da CONAQ, Givânia Maria da Silva.

Leia também:

Estadão: Quilombolas no Censo 2022: como vivem descendentes de escravizados?

Agência Brasil: IBGE inicia censo em territórios quilombolas

CNN Brasil: Censo 2022: IBGE inicia contagem inédita da população quilombola no país

Correio Braziliense: Quilombolas serão recenseados pela primeira vez na história

Brasil de Fato: IBGE realiza nesta quarta-feira (17) o Dia de Mobilização do Censo Quilombola

Desde 2018 a CONAQ vem dialogando com o IBGE para assegurar a inclusão da população quilombola nos dados estatísticos oficiais do Brasil. A proposta foi construída e acatada com base na Consulta Livre, prévia e informada, prevista na convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A consulta aconteceu com a mediação do Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA/Brasil). O grupo de trabalho agora atua na disseminação da importância do censo e sensibilização da população quilombola para autodeclaração.

Ouça 

Minuto IBGE – Programa 189 – Censo 2022: Quilombolas

Copiô Parente – Quilombolas no Censo 2022: ‘Invisibilidade nos tira o direito de viver de forma digna nos territórios

“A gente quer que o Censo produza e retrate. Se o Censo é um retrato do Brasil, a gente quer estar nessa foto também. Mas, a gente quer estar de forma digna”, enfatiza Givânia Maria da Silva, co-fundadora da CONAQ.

O Censo iniciou-se em 01 de agosto de 2022 e já recenseou vários quilombos. No último dia 17 aconteceu o lançamento nacional do Censo Quilombola, com incidências na mídia Regional e Nacional, além disso ações de comunicação nas redes sociais estão sendo intensificadas para garantir a visibilidade do processo. Assista a seguir a matéria no Jornal Nacional

 

“O Brasil ganha ao conhecer mais sobre a população quilombola. O Brasil se torna mais rico. O Brasil se torna mais consciente da diversidade que o forma”, ressalta Cláudio Crespo da coordenação de população e Indicadores Sociais – IBGE

No levantamento do pré-censo, em 2019,  o IBGE identificou 5.972 localidades quilombolas em 1.674 municípios de 24 Estados. Nessas localidades, o questionário específico vai abrir e partir das respostas será possível ter conhecimento sobre a demografia quilombola:

  • Qual o total de pessoas quilombolas residindo no Brasil? 
  • Como vivem os quilombolas dentro dos Territórios Quilombolas oficialmente delimitados? E fora deles?
  • Quantas comunidades quilombolas existem no país? Onde estão?
  • Quais as condições de suas habitações?
  • Como está o acesso à educação e à saúde?

“A pesquisa mostrará para todas as pessoas como vive a população quilombola, suas diferentes formas de organização social e enorme riqueza cultural. Com o Censo, o governo e a sociedade civil podem agir para buscar melhorar as condições de vida das comunidades”,(cf. folder de divulgação)

Acesso o livreto: Os quilombolas no Censo 2022

IBGE Educa: vídeo

Dúvidas, escreva para ibge.educa@ibge.gov.br

Assista ao documentário, Quilombolas no Censo Demográfico, realizado Pelo Fundo de Populações das Nações Unidas e produção de Edu Cavalcanti

 

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