06 ago

Censo 2022: População quilombola está sendo recenseada como grupo étnico populacional pela primeira vez

 

 

Com o recenseamento será possível conhecer a realidade dos quilombos brasileiros e usar os dados oficiais como instrumento de luta em prol de políticas públicas específicas.

Imagem de capa: Recenseador na Comunidade Poço do Sal,  Pão de Açúcar-AL

Por Mayara Abreu

Em 150 anos desde a fundação do Censo, essa é a primeira vez que as comunidades quilombolas serão incluídas na pesquisa. O objetivo é que os dados relacionados aos quilombolas possibilitem a elaboração de políticas públicas específicas para essa população, além de identificar o quantitativo de quilombolas brasileiros. Os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciaram os trabalhos no dia 1º de agosto e vão até o dia 31 de outubro de 2022.

Comunidade Caboclo, São José da Tapera- AL

Para identificar os quilombolas serão usados na pesquisa critérios de auto identificação, como por exemplo: se o entrevistado se considera quilombola, se a resposta for sim, qual o nome da comunidade em que vive. Importante destacar que o mapeamento só será executado nas regiões onde já existem a identificação de territórios quilombolas.

Os profissionais que cobrirão essas áreas receberão um treinamento específico sobre as normativas e conceitos quilombolas, como explica Lucival Carvalho Martel, liderança quilombola de Oiapoque (AP) que estará trabalhando como recenseador.

“ Nós recenseadores quilombolas fomos capacitados pelo IBGGE, porque conhecemos a realidade de nossos territórios. Então temos o maior prazer de chegar na sua comunidade e assim, fazer o levantamento desses dados e contribuir para a melhoria de qualidade de vida do nosso povo”, pondera Lucival.

O processo de inclusão de quilombolas como grupo étnico populacional no Censo, aconteceu após um longo período de articulações e reuniões internas da Conaq e externas como, na sede da ONU em Brasília, na sede do IBGE no Rio de Janeiro e por último, em 2021, na sede da CONAQ em Brasília, onde lideranças e coordenadores quilombolas e técnicos do IBGE, reuniram-se com o objetivo de montar estratégias e metodologias para o censo 2022.

Essa conquista se deu graças à luta constante da CONAQ que incansavelmente resiste pelo coletivo e para o coletivo, como explica Denildo Rodrigues (Bico), coordenador da instituição.

“ O censo quilombola é uma conquista histórica, ele é muito importante para que a gente possa se autodeclarar quilombola, já que isso influencia na criação de políticas públicas, além de identificarmos quantas comunidades e quilombolas existem no país.  Foram décadas de luta. Importante dizer que essa é mais uma conquista da CONAQ entre tantas outras que a gente já conquistou ao longo do caminho”, concluiu.

O lançamento nacional do Censo Quilombola deve ocorrer no próximo dia 17 de agosto. E é importante que você quilombola fique atento às informações.

“ Você, quilombola, receba nossos licenciadores, forneça as informações necessárias e fique tranquilo, as informações são todas sigilosas. Desta forma, nós quilombolas, estremos saindo da invisibilidade social. Então receba os licenciadores, colabore com ele, para que a gente possa estar gerando esses dados estatísticos”, pontuou Lucival.

 

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