
25 de julho: em plenária virtual Mulheres da CONAQ refletem sobre os desafios da trajetória quilombola
Por Maryellen Crisóstomo
Hoje, 25 de Julho, comemoramos o Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela, nossa Rainha Negra.
Uma data muito significativa para a luta e trajetória das mulheres negras quilombolas e do povo negro.
O coletivo de Mulheres da CONAQ se reuniu nesta tarde de domingo em plenária online para refletir sobre: Como ser mulher quilombola livre e empoderada lutando contra a violência e o racismo nos tempos atuais.
Mais de 65 mulheres e homens quilombolas de 20 Estados apresentam relatos e denúncias sobre as vivências, sobrevivências, ausências do Estado ou sua presença repressiva, bem como todos os tipos de violações que nos obrigam a RESISTIR dia após dia.
O encontro, que iniciou às 14h, foi também uma oportunidade de tecer uma rede de apoio às mulheres quilombolas de todo o Brasil. A dinâmica adotada foi ouvir as mulheres presentes, por Estado.
Em seu relato, a jovem Holdry Oliveira (MG) salientou a importância da informação no fortalecimento da luta das mulheres quilombolas: “informações que retratam contra quem a gente luta e porquê devemos lutar”, destacou ao lembrar que o empoderamento é sempre coletivo.
Cida Mendes (PE) pontuou a importância da mulher no processo de resistência dos territórios. “Ou o Estado é completamente ausente ou se faz presente por meio da repressão. Cabe a nós, mulheres, a responsabilidade de cuidar das crianças, dos idosos e do equilíbrio da comunidade”.
Deise Maria de Lima (SP) destacou a ascensão das mulheres nos espaços de decisão do território e da sociedade e o papel da juventude no enfrentamento ao machismo, ao racismo e às violações dos direitos.
Nicileia Batista Silveira (PR) relatou sua trajetória nos espaços por passou e que na maioria deles ela era a única negra. “Às vezes, é diante do espelho que temos que vencer”, refletiu sobre a importância do empoderamento.
Lucimara Muniz (RJ) trouxe à roda o relato da luta constante pelo acesso pleno ao território. Vale ressaltar que dentre os 6.333 quilombos estimados pela CONAQ e os 5.792 mapeados pelo IBGE em 2019, menos de 200 territórios possuem titulação total. Muniz ressaltou ainda a importância das lideranças femininas no “enfrentamento à implantação de grandes empreendimentos que impactam diretamente os territórios”.
Adriane Soares (MS), relatou sobre os desafios do processo de sobrevivência à situação de violência doméstica. “Venci a violência doméstica, sou mãe de 08, bacharel em Direito, formei-me após os 30 e faço parte do coletivo jurídico da CONAQ”, enfatiza ao dizer que em paralelo às conquistas está a busca pela superação dos traumas.
Entre os muitos relatos, também conhecemos histórias de mulheres quilombolas no enfrentamento ao racismo e preconceito ao disputarem cargos eletivos e/ou públicos em seus respectivos municípios. Tornado assim símbolos de resistência no rompimento de barreiras sociais impostas pela estrutura excludente da sociedade brasileira.
Em breve vamos apresentar aqui o relato de mulheres quilombolas que ocupam cargos de confiança nas gestões municipais.