Defensoria Pública divulga poesias classificadas no Concurso “Ser Quilombola”

 

Os poemas que comporão a publicação “Quilombolas do Tocantins: Palavras e Olhares” foram divulgados nesta sexta-feira, 28, pela DPE-TO – Defensoria Pública do Estado do Tocantins. A escolha do material foi feita por meio do Concurso Cultural “Ser Quilombola”, organizado pelo DPAGRA – Núcleo Especializado da Defensoria Pública Agrária.

Foram 17 poemas selecionados, escritos por membros das 12 Comunidades Quilombolas do Tocantins que participaram do Concurso. Ao todo, foram validadas as inscrições de 33 poemas e frases, e a relação completa dos classificados pode ser conferida no final da matéria.

“Ficamos muito satisfeitos com os resultados do Concurso. É um material muito representativo e importante para nós, pois traz o conhecimento e um pouco do histórico de resistência e luta dos remanescentes de quilombo do Tocantins. Inicialmente seriam apenas 14 poemas, no entanto, para contemplar todos os municípios participantes do Concurso no livro, a Comissão Organizadora decidiu selecionar mais três poemas”, destacou o coordenador do DPAGRA, defensor público Pedro Alexandre.

A escolha do material foi feita por uma Comissão Avaliadora formada por membros internos e externos, que levaram em consideração a adequação ao tema, no que se refere ao ser quilombola, visão, cultura e identidade tradicional, clareza e coesão, além de criatividade poética, respeitando ainda a oralidade traduzida nos textos. “O material foi recebido e avaliado inicialmente pela equipe técnica do Dpagra, que validou as inscrições, e, em seguida, repassou às demais avaliadoras sem identificação de autor e comunidade, para que tratassem da parte mais artística e cultural do material”, explica Pedro Alexandre.

Integraram a Comissão também as servidoras do Dpagra, Giselle Rodrigues Silva e Maymi Adati, a jornalista Rose Dayanne Santana, e a professora da Universidade Federal do Tocantins, Ana Carolina dos Anjos, que desenvolve pesquisas sobre o processo de construção da identidade cultural tocantinense. A repórter fotográfica Loise Maria fará a curadoria das imagens.

Para Ana Catorolina dos Anjos, o projeto é de extrema importância no contexto das Comunidades Quilombolas do Tocantins, e demonstra que a Defensoria Pública tem cumprido de fato seu papel, enquanto uma Instituição que é um agente social. “Não só de uma maneira dentro de um campo mais veemente institucional, mas também dentro do campo lúdico e simbólico, ao trazer essa representação e a essa representatividade do povo quilombola também pra pauta e discuti-la dentro desse campo cultural. E a maneira como foi construído o próprio projeto traz essa ideia de identidade e de pertencimento, e isso é muito importante”, afirma.

Em relação à qualidade dos textos, emocionada, Ana Carolina dos Anjos, destacou que além da beleza, peculiaridade e singeleza, os textos trouxeram o sentimento de pertença, sobre o que é ser quilombola a partir do olhar daqueles que de fato devem protagonizar essa fala. “Sinto-me muito honrada de ter feito parte do Projeto na condição de avaliadora externa, porque vê-los falando em primeira pessoa, trazendo a sua pessoalidade, sua relação com a natureza. Foram textos muito bons, bem redigidos dentro do cotidiano deles, da sua própria realidade, do português dito e falado”, relata.

A publicação da Defensoria Pública será lançada no dia 10 de Novembro de 2016, em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra, no município de Dianópolis, berço do Projeto Defensoria Quilombola, onde a Instituição iniciou os atendimentos sistemáticos às Comunidades, em 2012.

A equipe do Dpagra entrará em contato com os autores e autoras dos poemas selecionados para falar sobre a premiação. Todos receberão certificados de participação.

Menção Honrosa

Além dos 33 poemas e frases recebidos de Comunidades Quilombolas do Tocantins, foram recebidas inscrições de membros de duas Comunidades localizadas no estado de Goiás, uma no município de Cavalcante e outra em Monte Alegre. Segundo o defensor público Pedro Alexandre, o Edital do Concurso indicava expressamente que era direcionado apenas às comunidades localizadas no território que abrange a unidade federativa do estado do Tocantins. “Considerando o que constava no Edital e ciente da questão territorial e histórica que aproximam os dois Estados, a Comissão Organizadora decidiu por atribuir certificado de Menção Honrosa aos dois inscritos e fazer constar na publicação a menção”, explicou.

Defensoria Quilombola

A DPE-TO presta assistência jurídica de forma sistemática às Comunidades Quilombolas do Estado desde 2012, quando sistematizou o atendimento por meio do projeto Defensoria Quilombola. Desde então já foram atendidas mais de 40 Comunidades tocantinenses.

Texto: Rose Dayanne Santana

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