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21 nov

Relatório ” Racismo e Violência contra Quilombos no Brasil ” será apresentado no dia 21 de novembro na II Semana Acadêmica da Licenciatura de Educação no Campo da UFERSA – Mossoró (RN).

O Relatório aponta que o número de assassinatos de quilombolas no país cresceu 350% em apenas um ano: foram registrados quatro assassinatos em 2016 contra 18 em 2017. O dado está na publicação “Racismo e Violência contra Quilombos no Brasil”, organizada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras e Rurais Quilombolas e Terra de Direitos, em parceria com o Coletivo de Assessoria Jurídica Joãozinho de Mangal e a Associação de Advogados de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais da Bahia (AATR), lançado no último dia 01 de outubro em Brasília.

O estudo revela, ainda, que entre 2008 e 2017 ocorreram 29 assassinatos de quilombolas na região Nordeste. Desses, 13 deles apenas no estado da Bahia – o décimo quarto ocorreu na última quarta-feira (26), quando Reginaldo Santos de Jesus, liderança do quilombo Kingoma, em Lauro de Freitas (BA), foi encontrado morto. O Maranhão (com 10 assassinatos) e o Pará (com 5) são os dois estados mais violentos depois da Bahia.

As chacinas também continuam ocorrendo: em 2017, foram registrados dois casos – no Quilombo de Iúna, em Lençóis (BA), onde sete quilombolas foram assassinados, e no Quilombo Lagoa do Algodão, em Carneiros (AL), com a morte de quatro pessoas.
Com relação às mulheres quilombolas, os dados mostram que em 66% dos casos de assassinato foi constatada utilização de arma branca e registrados métodos de tortura – explicitando a crueldade em relação à violência de gênero.

A falta de atuação do Estado em relação à garantia de territórios perpetua as violências. Em setembro de 2017, Flavio Gabriel Pacifico dos Santos, 36 anos, conhecido como “Binho do Quilombo”, foi assassinado a tiros. A liderança quilombola atuava há anos em defesa do seu território e pela valorização das comunidades quilombolas. Foi assassinado com mais de dez tiros em frente à escola da filha, que presenciou tudo. A mãe de Binho, Maria Bernadete Pacífico, luta diariamente para saber quem são os responsáveis pela morte do filho.
“Sou uma mãe cansada e com uma cicatriz que não sai nunca. Meu filho morreu trabalhando, morreu na frente da escola da filha, a filha presenciou tudo e só fazia gritar. Meu filho morreu com 16 tiros no rosto, como se fosse um marginal. Eu prometi para a comunidade que enquanto eu estiver viva eu continuarei o legado de meu filho.  E nós sabemos que só quem morre são os negros”, disse, durante o lançamento da publicação em Brasília.

Givânia Silva, integrante da CONAQ, quilombola de Conceição das Crioulas (PE), conselheira da Terra de Direitos e uma das coordenadoras da pesquisa, destaca que ” Essa pesquisa não representa o que efetivamente é a violência contra os quilombos no Brasil. Por outro lado, não estamos falando apenas de uma morte qualquer, estamos falando de corpos e vidas que se colocam em defesa do território”.

A matéria completa e o Relatório estão disponíveis em https://terradedireitos.org.br/acervo/publicacoes/livros/42/racismo-e-violencia-contra-quilombos-no-brasil/22928

Na UFERSA o relatório será apresentado pelo Prof. Eduardo Araújo (NEABI/UFPB , Grupo de Pesquisa Curupiras e Coletivo de Assessoria Jurídica Joãozinho do Mangal) na mesa denominada : Conflitos Socioambientais e Direitos Humanos , haverá ainda a participação e fala de Dona Ana Maria Silva (Assentamento Prof. Maurício de Oliveira – Assu – RN ), Agricultora e Guardiã de Sementes , a mediação será do Prof. Melquisedeque de Oliveira Fernandes (UFERSA).

A Universidade Federal Rural do Semi-Árido em Mossoró , realiza o evento com o apoio do Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Humanas que promove o I Encontro Acadêmico do CCSAH e a II Semana Acadêmica da LEDOC.

Na programação, além da apresentação do Relatório Quilombola, na manhã do dia 21 de será oferecido um Café Comunitário (08:00) e a realização da Feira de Saberes e Vivências , na qual serão expostas as Experiências Projetos de extensão, pesquisa, ensino, iniciação à docência , residência pedagógica e demais experiências desenvolvidas nas da região com as comunidades , a partir do artesanato, da agroecologia, da economia solidária, da agricultura familiar e das artes.

Local : UFERSA – Mossoró
Data : 21 de novembro 2018
Horário : A partir das 08h00

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