Boletim epidemiológico: Conaq mapeia 195 óbitos de quilombolas em 10 meses
Por Maryellen Crisóstomo
Sem ações do poder público os quilombos enfrentam os efeitos drásticos do avanço da COVID-19 em seus territórios. Já são 195 óbitos e mais de 5.000 casos de contaminação. A subnotificação dos casos ainda é uma realidade por parte das autoridades sanitárias.
Desde 11 de abril quando foi registrado o primeiro óbito entre quilombolas, no período de 10 meses morreram em média 19,5 quilombolas por mês. Os dados sobre a contaminação de quilombolas pelo novo Coronavírus são levantados de maneira autônoma pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA).
A desigualdade do enfrentamento ao Coronavírus já se mostra evidente nos quilombos em meio a falta de medidas efetivas por parte do Estado brasileiro . A CONAQ tem chamado atenção para fatores estruturais alarmantes sobre as consequências da proliferação da COVID-19 em territórios quilombolas.
Em alerta emitido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), na última atualização de 29/01/202, embora haja vacinas autorizadas como meio de erradicação da COVID-19, elas ainda não resolvem tudo. “É fundamental lembrar que, embora as vacinas possam ajudar a acabar com a pandemia, elas não resolverão tudo. À medida que a crise da COVID-19 continuar, ainda será necessário tomar todas as medidas necessárias para evitar que o vírus se espalhe e cause mais mortes.” ressalta a nota.
A OPAS lembra ainda que as medidas de segurança individuais ainda são indispensáveis. “É preciso seguir e adotar uma abordagem do tipo “faça tudo”, incluindo as medidas de proteção:
- lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou álcool em gel e
- cobrir a boca com o antebraço quando tossir ou espirrar (ou utilize um lenço descartável e, após tossir/espirrar, jogue-o no lixo e lave as mãos).
- É importante manter-se a pelo menos 1 metro de distância das outras pessoas.
- Quando o distanciamento físico não é possível, o uso de uma máscara também é uma medida de proteção.
- A nível individual, essas medidas de proteção funcionam inclusive contra as novas variantes identificadas até o momento.”