A divisão do feminismo
Dentro do movimento, novas vozes aparecem para questionar o modelo elitista, de classe média branca e urbana, e mostram a diversidade na emancipação feminina
O feminismo tradicional não representa a luta de todas as mulheres e está repleto de problemas que atrapalham o seu desenvolvimento. Historicamente, o movimento feminista tem oprimido grupos minoritários ao transformar em voz única, uma luta que, na verdade, é plural. Ao não serem contempladas nas reivindicações que surgem principalmente de uma classe média branca, urbana e elitizada, mulheres negras, indígenas, quilombolas e LGBTs apresentam outras narrativas que estão expondo divergências importantes no debate feminista no Brasil. Há diversas formas de ser mulher no mundo e as diferenças sociais e de experiências são mais determinantes do que parecem. “São mulheres pensando em um novo projeto de sociedade, em que não haja hierarquia e que não seja moldado por opressões”, resume a filósofa Djamila Ribeiro, autora de clássicos no tempo como “Quem tem medo do feminismo negro?” e “Lugar de fala”.
Na questão de identidade e reconhecimento, a população feminina em áreas rurais ou nas florestas pouco ou nada se identifica com a palavra feminismo
Quando as mulheres olham para a luta feminista pensando em suas próprias vivências, surge uma lacuna entre o individual e o coletivo que impede o avanço do movimento. Ao se abrir a discussão coletiva, as mulheres das chamadas bases de opressão defendem a empatia como o principal caminho de união feminina. São trazidas para o debate realidades até então tornadas invisíveis por uma narrativa única e hegemônica. Importante destacar que não se trata de uma competição entre as mais ou menos oprimidas: o que se defende é o fortalecimento da luta a partir de um olhar direcionado para as socialmente mais fragilizadas. “A gente que é mulher e negra não tem como escolher qual opressão é mais importante. A gente pensa nas opressões de maneira indissociável”, completa Djamila.
“O feminismo branco passa longe das nossas demandas” Givânia da Silva, integrante do movimento quilombola
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