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30 de abril de 2025

IV Fórum Nacional de Mulheres Quilombolas: Último dia de agenda reforça protagonismo, alianças e compromissos

Justiça climática, a reparação e os territórios foram abordados em conversas com parceiros

Esta quarta-feira, 30 de abril, marcou o encerramento das atividades do Coletivo de Mulheres da CONAQ. O terceiro e último dia de agenda foi repleto de encontros estratégicos, trocas de saberes e construção de alianças que reafirmaram o protagonismo das quilombolas na luta por justiça, reparação e bem viver.

Encontro no Instituto Socioambiental

A manhã teve início no (ISA), onde o coletivo foi calorosamente recebido para uma roda de diálogo marcada por escuta atenta, articulação política e fortalecimento de laços institucionais. No encontro, foram entregues à coordenadora do Programa de Política e Direito Socioambiental (PPDS) do ISA, Milene Maia, duas importantes notas conceituais:

  • “Mulheres Quilombolas na Marcha das Mulheres Negras: Mobilização e formação para o Bem Viver”;
  • “III Encontro Nacional de Mulheres Quilombolas da CONAQ: mulheres quilombolas na defesa por justiça climática, por reparação e democracia – somos começo, meio e começo”.

Esses documentos consolidam as reflexões e estratégias políticas das mulheres quilombolas nos últimos anos, reforçando sua presença nas pautas nacionais e internacionais, como a Conferência do Clima – COP 30, que acontecerá em Belém do Pará em 2025. O apoio às iniciativas de mulheres afro-rurais, como parte das discussões sobre justiça climática, também foi pauta de destaque nesse momento de confluência.

Confira mais sobre os outros dias de compromissos: IV Fórum Nacional de Mulheres Quilombolas reúne lideranças do Coletivo da CONAQ em Brasília para fortalecer políticas públicas

Reunião com a GIZ: escuta e comprometimento

Durante a tarde, o Fórum teve continuidade com uma reunião estratégica com a GIZ (Agência de Cooperação Alemã), um dos momentos mais simbólicos do dia. A escuta ativa e o diálogo respeitoso pautaram o encontro, no qual foram estabelecidos compromissos concretos em apoio às mulheres quilombolas.

Entre os encaminhamentos, a GIZ confirmou o apoio logístico à Marcha das Mulheres Negras, com a disponibilização de:

  • 5 passagens aéreas para o Pará, assegurando a presença de lideranças na COP 30;
  • 5 ônibus para o Mato Grosso, ou, caso não seja possível, ao menos 1 ônibus, para garantir a mobilização local das mulheres quilombolas.

Outro ponto alto foi o impacto do depoimento de Givânia Silva, liderança da CONAQ, durante a última edição do Aquilombar. Sua fala tocou profundamente a equipe da GIZ, destacando o poder do discurso quilombola e a importância de práticas de cooperação baseadas no respeito aos saberes ancestrais e às realidades dos territórios.

A reunião também trouxe à tona temas estruturantes como reparação histórica e titulação de terras, reforçando a urgência de garantir direitos básicos e de avançar no enfrentamento ao racismo institucional que ainda impede o pleno acesso das comunidades quilombolas à justiça territorial.

Compromissos para o futuro

O encontro foi encerrado com a reafirmação do compromisso mútuo entre a CONAQ e parceiros como a GIZ em desenvolver formas mais respeitosas, eficazes e antirracistas de atuação nos territórios quilombolas. A escuta verdadeira e a construção coletiva seguirão como princípios fundamentais nesse caminho.

O IV Fórum Nacional de Mulheres Quilombolas foi finalizado enaltecendo a força de quem caminha há séculos, com raízes profundas e olhos voltados para o futuro. Assim como Nego Bispo afirmava: “somos começo, meio e começo”, por isso estamos em movimento contínuo, reinventando estratégias e fortalecendo nossas demandas e prioridades.