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XIII COPENE: evento discutiu sobre racismo, desigualdades e políticas de reparação
13 de setembro de 2024

XIII COPENE: evento discutiu sobre racismo, desigualdades e políticas de reparação

Encontro potente de saberes, trocas e fortalecimento de lutas proporciona discussões e reflexões para ações estratégicas nos territórios quilombolas e ambientes acadêmicos.

Integrantes do Coletivo de Educação da Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) participam do 13° Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as – (COPENE), em Belém (PA). O evento, que começou no dia 9 de setembro e termina nesta sexta-feira (13), representa um passo importante na luta contra o racismo e na construção de ambientes educacionais mais justos e igualitários, a partir de suas especificidades.

Neste ano o evento reuniu cerca de 4 mil participantes, entre pesquisadores/as, ativistas e representantes da sociedade civil de todas as regiões do Brasil e de 13 países. 

Mais de 50 professores/as, pesquisadores/as e profissionais da educação que compõem o Coletivo de Educação da CONAQ participaram da programação, que contou com conferências, sessões temáticos, mesas-redondas, minicursos, painéis, feiras e lançamento de livros, além de protagonizarem expressões culturais de matriz afro-brasileira, africana e quilombola da região.

O Congresso colocou em pauta a urgência de discutir o racismo estrutural, as desigualdades raciais e as políticas de reparação no Brasil, promovendo o diálogo entre academia, ativistas e gestores de políticas públicas.   

Entre os temas abordados estão: ações afirmativas, negritude, educação antirracista, Educação Popular e relações étnico-raciais, necessidade de políticas sindicais antirracistas, entre outras temáticas. Os momentos formativos proporcionaram reflexões, discussões e estratégias para ações nos territórios quilombolas e ambientes acadêmicos. 

Givânia Maria da Silva, co-fundadora da CONAQ, pesquisadora, conselheira do Conselho Nacional da Educação Básica, ativista por educação de qualidade para quilombolas, participou do evento. A liderança quilombola informou que o COPENE avançou no debate sobre as políticas de equidade racial, ressaltando a importância da reparação histórica e da justiça social.

Givânia Silva, co-fundadora da CONAQ e Conselheira Nacional de Educação

“É a primeira vez que a ABPN tem no seu corpo diretivo duas quilombolas, eu que sou do nordeste e Páscoa Sarmento, do norte. É um espaço importante. A associação realizou seu 13° Congresso com milhares de pessoas inscritas, demonstrando a força que a organização tem e a contribuição que nós, quilombolas, podemos dar”. 

Givânia afirmou que o Coletivo Nacional de Educação da CONAQ protagonizou vários momentos e liderou atividades, como mesas-redondas, minicursos, oficinas, sessões temáticas, entre outros. “Foi uma representação importante. Saímos daqui muito fortalecidos no campo da pesquisa, não só acadêmica, mas também sobre saberes pois realizamos minicursos sobre medicina tradicional com mestras quilombolas. Foi um evento de grande relevância para a comunidade negra como um todo, mas de forma muito particular para quilombolas”.

Direção da ABPN em renião no XIII COPENE em Belém

Maria Isabel Cabral, membra da Comissão Nacional de Educação Escolar Quilombola (CONEEQ), participou do COPENE e destacou a importância de estar no espaço que foi pensado para valorizar a intelectualidade negra. 

“Estar no COPENE é marcar nossa existência como sujeitos quilombolas que produzem pesquisa e que podem falar sobre suas identidades e  histórias por si próprios. Com nossa participação no COPENE marcamos território sobre quem somos. De objetos de pesquisa, assumimos a posição de sujeitos produtores de pesquisa em relação aos nossos territórios, contando nossa história pela nossa ótica, como ela realmente é, contrapondo a romantização e deturpação da branquitude em relação aos nossos territórios e aos nossos corpos negros quilombolas”, afirmou. 

 Secretária Zara Figueiredo participa do COPENE

A secretária da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação participou do Congresso e falou sobre as políticas do Governo Federal implementadas para promover uma educação inclusiva para povos e comunidades originárias e tradicionais.

O Copene

Organizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (APBN), o Copene é um dos maiores eventos acadêmico-científicos brasileiros e latino-americano, que reúne pesquisadores e pesquisadoras negras engajados na produção e na difusão de pesquisas científicas e estudos em diferentes áreas de conhecimento, particularmente, voltadas à realidade da população negra no Brasil e no contexto da diáspora negra.   

Desde sua primeira edição, em 2000, o COPENE tem recebido notável reconhecimento e sucesso ao agregar, potencialmente, os esforços de universidades, Institutos Federais, grupos de estudos e pesquisas acadêmicos, instituições governamentais e não-governamentais, assim como diferentes instâncias institucionais atuantes no campo dos direitos democráticos e no enfrentamento de todas as formas de discriminação e racismo na sociedade.

O Coletivo de Educação da CONAQ

O Coletivo Nacional de Educação da CONAQ é composto por professoras e professores quilombolas de todo Brasil, e tem como objetivos debater, mobilizar, formular e incidir junto aos governos Federal, estaduais e municipais para a implementação de políticas públicas para as comunidades quilombolas em todo o território nacional.

O Coletivo é o principal espaço de qualificação e debate sobre educação escolar quilombola, bem como o de capacitação política de seus integrantes por meio dos diferentes desafios que encontramos em várias partes do Brasil, que desrespeitam os direitos de estudantes, professoras e professores quilombolas.

Visando, principalmente, o acesso de crianças, jovens e adultos à uma educação de qualidade, o Coletivo de Educação da CONAQ tem atuado junto às instituições em diversos estados do Brasil na proposição de políticas públicas que venham assegurar a implementação da Educação Escolar Quilombola nos territórios quilombolas, tal como na criação de diretrizes municipais de educação escolar quilombola, conforme orienta a Resolução 08/2012.