28 nov

Mulheres quilombolas integram equipe de transição do governo Lula

Por Letícia Queiroz

Mulheres quilombolas fazem parte da equipe de transição do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Entre elas estão Givânia Maria Silva, indicada para o grupo técnico da área de Igualdade Racial e Franciléia Paula de Castro,
para a área que trata de assuntos do Desenvolvimento Agrário.

Givânia Silva, da comunidade Conceição das Crioulas, em Salgueiro, Pernambuco, é doutora em sociologia e co-fundadora da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Ela também é ativista pela educação de qualidade para quilombolas e na luta contra o racismo.

Indicada para atuar nos assuntos sobre igualdade racial durante a transição, Givânia conta realiza a atuação com responsabilidade e que o objetivo é ajudar o governo Lula a construir políticas de igualdade racial para a população negra.

“Compor a equipe de transição é um desafio, mas também é a certeza e da responsabilidade do nosso trabalho para que os novos integrantes do governo possam dar sequência, junto com o presidente Lula, às políticas de combate ao racismo e às desigualdades no nosso país”, disse Givânia.

A população negra é a mais afetada por falta de políticas públicas. Dentro do recorte das comunidades quilombolas, a situação é ainda pior. Para Givânia, a mudança é necessária e urgente. “Somos 56% da população brasileira e tivemos nesses seis anos, de 2016 até agora, um desmonte total, um esvaziamento, uma extinção de políticas que permitiram
aumentar a desigualdade no Brasil e voltarmos ao mapa da fome. A gente sabe que o mapa da fome tem rosto, gênero e cor”, disse.

Franciléia Paula de Castro é da comunidade quilombola Campina de Pedra em Poconé, no Mato Grosso. A engenheira agrônoma é pesquisadora em agroecologia e agricultura quilombola e contribui no apoio técnico dentro do GT de desenvolvimento agrário.

Segundo ela, o objetivo é garantir a inclusão das pautas quilombolas.

“Incluir as pautas quilombolas relacionadas ao desenvolvimento agrícola dos territórios, politicas publicas específicas para o fortalecimento dos sistemas alimentares, agroecológico, e garantir também que no plano e no orçamento governamental para os próximos anos a gente consiga incluir as demandas e políticas públicas para as comunidades quilombolas”, explicou Franciléia.

Lula eleito

Lula (PT) foi eleito presidente do Brasil no segundo turno das Eleições 2022, derrotando Jair Bolsonaro (PL) no dia 30 de outubro. Conforme o  Tribunal Superior Eleitoral (TSE),  Lula obteve 60,3 milhões de votos, e Bolsonaro, 58,2 milhões de votos.

Durante seu mandato, Bolsonaro se destacou negativamente, fez várias declarações racistas e ignorou as pautas relacionadas a igualdade racial. Mesmo antes de ser eleito presidente, ele atacou quilombolas após visitar uma comunidade. Em um episódio ele disse que o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Também falou: não fazem nada, eu acho que nem pra procriar servem mais.

No governo Bolsonaro até o presidente nomeado para comandar a Fundação Cultural Palmares – pasta federal criada para a promoção da afro-brasilidade – fez falas contra a população negra. Ele negou que exista racismo no Brasil e chegou a dizer o Dia da Consciência Negra tinha que acabar.

Bolsonaro, conhecido internacionalmente também pelo negacionismo durante a pandemia da Covid-19 se tornou o primeiro presidente a perder uma disputa de reeleição no Brasil. Enquanto Lula foi o primeiro a ganhar por três vezes.

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