25 out

Adolescentes selecionadas na Escola Nacional de Formação de Meninas Quilombolas recebem tablets e comemoram instalação de internet

Por Letícia Queiroz

As jovens selecionadas para participar da Escola Nacional de Formação de Meninas Quilombolas receberam tabletes com internet nesta semana. O dispositivo eletrônico foi enviado aos 50 endereços para facilitar o acesso às aulas do projeto criado pelo Coletivo de Educação da Coordenação Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

A maioria das comunidades quilombolas fica nas zonas rurais e, por isso, é comum a ausência de computadores e internet. Durante levantamento, as monitoras do projeto observaram que muitas meninas e meninos precisavam sair de casa em busca de conectividade. Quase metade das 50 estudantes aprovadas não tinha acesso ao espaço virtual.

Por causa dos encontros virtuais que acontecerão com lideranças e professoras quilombolas e negras, as meninas e meninos precisam ter acesso a um dispositivo, plataformas e a internet. “Estamos rompendo barreiras da dificuldade de conexão para dar início à formação sem deixar nenhuma menina para trás. O projeto vai custear a instalação de quem não tem e vai custear a mensalidade para todos os 50 estudantes até o fim da formação”, explicou Cleane Silva, que faz parte do Coletivo de Educação da CONAQ e da equipe que coordena a Escola.

Débora Fernanda Mafra, da comunidade quilombola Bom Viver, em Mirinzal, interior do Maranhão, que tinha dificuldade no acesso, comemorou a chegada do tablet e da conexão com o mundo virtual. Veja o relato no vídeo.

“Quero agradecer primeiramente a Deus, e também à CONAQ, que através da Escola Nacional de Meninas Quilombolas na qual eu fui selecionada, custeia internet para a minha casa. É motivo de muita alegria para mim e para a minha família participar desse projeto grandioso, que trás conectividade, e acima de tudo, conhecimento para muitas meninas quilombolas”, disse a adolescente.

Givânia Maria da Silva, co-fundadora da CONAQ e coordenadora do projeto também comemorou a etapa de entraga e disse que a formação possibilitará o fortalecimento das comunidades. “Chegar nessa etapa da nossa Escola é, sem dúvidas, uma alegria enorme, mas ao mesmo tempo, uma sensação de muita responsabilidade e também de diagnóstico do quanto o Estado brasileiro ainda continua massacrando populações, entre estas, as comunidades quiombolas com peso maior para as meninas, que têm que lutar contra o racismo e machismo. Temos uma expectativa muito grande de que essas professoras, professores, meninas e meninos possam ser multiplicadoras e multiplicadores nos seus territórios e assim a gente vá construindo uma rede e fortalecendo a luta por nossos direitos”, disse Givânia.

Além de poder acompanhar a formação, o acesso a internet vai facilitar a prática de outras atividades, como aulas remotas, pesquisas e outras tarefas educacionais.

O projeto


A Escola Nacional de Formação de Meninas Quilombolas é apoiada pelo Fundo Malala, que incentiva ações de educação com foco em meninas quilombolas, negras e indígenas.A primeira edição do projeto recebeu 444 inscrições de estudantes e educadores de 21 estados da federação. Além de 50 alunos e alunas, 40 professoras/es quilombolas ou envolvidas/os com a educação escolar quilombola também foram selecionadas/os.

A formação será um espaço de fortalecimento e estímulo para a luta para meninas e meninos que enfrentam defasagens e desigualdades na educação promovidos pelos racismo e sentem-se ainda mais longe de realizarem o sonho de entrar nas universidades.

Ao longo do projeto serão discutidos temas sobre a história das comunidades quilombolas, questões de gênero, raça e território, combate ao racismo, engajamento na luta política do movimento quilombola, entre outros. Após a formação, espera-se contribuir para o protagonismo de meninas quilombolas cada vez mais investidas na defesa da cultura, dos valores, do território e da educação quilombola, denunciando e cobrando o Estado.

Em casos de dúvida, basta entrar em contato com a CONAQ pelo e-mail escolanacionalquilombola@gmail.com

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