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NAACP recebe CONAQ na Embaixada dos Estados Unidos
17 de setembro de 2024

NAACP recebe CONAQ na Embaixada dos Estados Unidos

Reunião com membro da organização de direitos civis estadunidense permitiu a troca de experiências entre as entidades

Na tarde da última terça (10), a CONAQ se reuniu na Embaixada dos Estados Unidos com Jamal R. Watkins, Vice Presidente Sênior da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, NAACP. 

Na ocasião, Sr. Watkins não escondeu o entusiasmo com o encontro entre as duas entidades e fez questão de saber  mais sobre a organização quilombola, cujas lutas se assemelham com as da organização estadunidense. Dúvidas que foram prontamente sanadas pelos representantes da organização brasileira. 

“A Coordenação é fruto dessa resistência, foi o instrumento legal que nós criamos nos tempos modernos para poder nos representar, mas ela nada mais é que a continuidade da nossa luta dos nossos antepassados. Ela é o instrumento legal, assim como também a PIB, o instrumento legal que foi construído para defender hoje os povos indígenas, que é a continuidade da luta dos povos indígenas, mas a gente precisa, diante desse cenário onde tudo tem que ter, tem que ter alguém que é uma figura, então, a CONAQ ela é o instrumento que nos representa a nível nacional em todos os espaços”, começou explicando Biko Rodrigues, Coordenador Executivo da CONAQ. 

Em seguida, o mesmo completou detalhando onde estão localizados os quilombos pelo país. “Hoje nós estamos em 24 estados da federação, somos mais de 6 mil comunidades quilombolas, segundo o Censo, 5 mil e pouco, mas na última notícia do Censo do IBGE, falou que ele catalogou 8 mil e pouco os territórios onde foram feitos o mapeamento, então nós estimamos que seja muito mais incluindo o número de pessoas. Mas a gente precisa começar de um número para a gente ser enxergado dentro das políticas públicas. E o número que nós começamos é o número do IBGE, que é de 1.300.000 quilombolas. E apenas 200 territórios são regularizados no país, ou seja, nem todos estão com tudo regularizado”. 

Durante a troca de conhecimento com o membro da NAACP, Biko também aproveitou para trazer à tona alguns dados sobre os quilombolas que boa parte dos brasileiros desconhece.  “44% da população que vive na Amazônia é negra e tem um papel importante na preservação desse bioma. Nós quilombolas estamos em todos os biomas, no Cerrado,  na Caatinga, na Amazônia e no Pantanal. E estamos sofrendo a violência da exploração dessa social biodiversidade descontrolada e inclusive pagando com o sangue de nossos companheiros e companheiras. Porque nós somos a fronteira, junto com os povos indígenas, povos e comunidades tradicionais, que impede o minério e especulação do negócio de acabar com toda essa biodiversidade. E a biodiversidade que nós temos”. 

Em outro momento, o Coordenador Geral, Maximino Silva, não deixou de escancarar as barreiras enfrentadas pelas pessoas pretas no Brasil, as prioridades da população quilombola e como a instituição nacional vem lutando para reverter esse cenário.  

“Quando se trata da condição humana, alguns humanos que têm uma certa cor são tratados de maneira diferenciada e não deveria ser. E partindo disso, acho que a CONAQ é essa ferramenta, é esse elemento que tenta ser o somatório de todas essas forças e tenta, em prol dessa população, tentar fazer a diferença e tentar construir alguma coisa a partir disso. Um dos principais gargalos nossos, em termos da população quilombola do Brasil, tem sido a regularização de seu território. E o que é que é isso? A gente quer apenas o direito de continuar onde já estamos, terra que foi dos nossos ancestrais e que também é nossa. A gente não quer a terra para um espaço de ninguém, a gente apenas quer a peste para mandar. Que é um espaço ancestral, que é um espaço de troca de energia, de trocas de saberes e onde a gente preserva a nossa identidade e é da onde a gente tira o nosso sustento. A gente quer apenas a garantia disso”, enfatizou. 

Sobre a NAACP

A National Association for the Advancement of Colored People (Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor), é uma organização fundada em 1909 nos Estados Unidos. Sua principal missão é promover os direitos civis e combater a discriminação racial. 

Durante seus 114 anos de existência a organização tem trabalhado em áreas como a justiça criminal, educação, saúde e igualdade econômica. Sem esquecer que a mesma permanece firme em seu compromisso contínuo no apoio a políticas públicas, e combate às injustiças raciais e sociais.  

Algo enfatizado pelo Vice-Presidente da entidade que, além de externar os preconceitos encarados diariamente fez uma colocação precisa sobre as lutas enfrentadas não só no Brasil, mas em outros países.  “As pessoas negras, pessoas de cor, geralmente enfrentam todos os tipos de opressão, racismo e discriminação, e a questão é como nós realmente afetamos isso e conseguimos um novo paradigma. Então, eu acho que há verdadeira solidariedade no movimento, e quando você adiciona a relação econômica, do trabalho, do dinheiro, realmente faz a luta ser universal, porque nós estamos todos enfrentando os mesmos gigantes”, frisou.