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Fundo Mokambo criado por mulheres quilombolas lança plano de ação
29 de março de 2025

Fundo Mokambo criado por mulheres quilombolas lança plano de ação

Iniciativa tem como foco a preservação de territórios e saberes ancestrais

O Fundo Territorial “Mokambo” realizou neste mês de março o lançamento do primeiro projeto em Aracaju, Sergipe. O plano de ação para 2025 e 2026 intitulado “Raízes Vivas: Território, Ancestralidade e Continuidade”, visa captar e redistribuir recursos para fortalecer comunidades quilombolas e tradicionais. Além disso, a iniciativa busca complementar as ações do Estado na garantia de direitos fundamentais e estruturais.

Com uma construção baseada na coletividade foi elaborado de forma participativa desde 2024. Em fevereiro de 2025, foi oficialmente aprovado pelo Conselho Deliberativo durante sua Assembleia de Constituição que contou com a presença de lideranças e entidades parceiras.

Homenagem a Maria do Mocambo

O nome “Mokambo” foi escolhido em homenagem à Maria das Virgens Santos, conhecida como Maria do Mocambo. Professora, mãe, coordenadora cultural e líder quilombola, que nasceu em 1930 e dedicou sua vida à educação, à cultura e à luta pelos direitos quilombolas. Graças a sua liderança, sua comunidade “Mocambo” tornou-se o primeiro território quilombola reconhecido no estado de Sergipe.

O termo “Mokambo” tem origem africana, nas línguas quimbundo e quicongo, representando locais autônomos formados por povos negros em resistência à escravização no Brasil.

Histórico de resistência

As comunidades quilombolas enfrentam desafios históricos para acessar recursos e desenvolver projetos próprios. A descontinuidade de políticas públicas específicas para quilombolas agrava a luta pela regularização fundiária e pelo reconhecimento de seus territórios. Além disso, a ausência de serviços essenciais como saúde, assistência econômica e infraestrutura prejudica a qualidade de vida das comunidades.

Diante desse cenário, o Fundo “Mokambo” surge para fortalecer a luta quilombola, promovendo a valorização da cultura, do conhecimento ancestral e da identidade dessas populações.

Objetivos e frentes de atuação

  • O plano de ação tem como principais metas:
  • Incentivar a economia sustentável nas comunidades quilombolas;
  • Apoiar o protagonismo das comunidades tradicionais no enfrentamento à crise climática;
  • Promover equidade de gênero e gerações;
  • Fortalecer a comunicação quilombola e suas narrativas;
  • Implementar a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola (PNGTAQ), com foco na conservação ambiental, na ancestralidade e na proteção do patrimônio cultural.

A criação do fundo representa um marco na história da luta quilombola no Brasil. Ao fortalecer as comunidades, garantir direitos e promover o acesso a recursos, a iniciativa busca consolidar a preservação dos territórios tradicionais e dos saberes ancestrais, contribuindo para um futuro mais justo e inclusivo.