Carnaval: 5 contribuições dos quilombos na formação das tradições da folia anual

Enfim chegou uma das épocas mais amadas pelos brasileiros, principalmente para quem acredita que o ano só começa após este período. E, de fato, não podemos tirar sua razão. Difícil não gostar é uma festa repleta de energia, cores vibrantes e ritmos contagiantes, mas poucas pessoas sabem que muito do que define as tradições do carnaval está enraizado nas comunidades quilombolas.
A influência dos quilombos, lugares considerados espaços de resistência e essenciais na construção cultural do Brasil, possui um papel crucial nesta celebração. Por isso, a seguir você verá cinco de nossas contribuições na formação do festival! Vamos lá?

1. Influência dos ritmos afro-brasileiros

Talvez um dos maiores legados para o carnaval seja justamente o item que não pode faltar: a música. A percussão, por exemplo, está interligada aos ritmos de origem africana e tem uma forte conexão com os quilombos, onde tambores e atabaques são usados tanto para celebrações como para comunicação.

O samba, gênero focal deste período do ano, é uma evolução dessas práticas, com suas batidas vibrantes e danças coletivas que têm raízes diretas nas manifestações culturais dos quilombolas. Ritmos como o jongo e o maracatu, também provenientes das comunidades negras, são importantes para o desenvolvimento de estilos musicais que animam os festejos de rua e os desfiles das escolas de samba.

2. Danças e movimentos corporais

No quilombo, as danças ainda são consideradas formas de expressão e resistência. A dança de roda, como o samba de roda, originado na Bahia, é uma das mais emblemáticas dessa herança. Essa dança, que misturava movimentos de celebração e resistência, foi incorporada ao repertório, especialmente nos blocos e escolas de samba, que até hoje utilizam a dança como uma das principais formas de expressão cultural nas suas apresentações.

3. Preservação da cultura e da identidade afro

Os quilombos são locais de preservação das tradições africanas, onde todos ali presentes mantêm seus costumes, religiões e modos de vida. Essa resistência cultural é essencial para o desenvolvimento do que hoje chamamos de cultura afro-brasileira, que é a espinha dorsal de muitos elementos do Carnaval. Por isso, a identidade preta, com seus valores, rituais e símbolos, segue presente nos enredos das escolas de samba, nas fantasias e nas músicas. O uso de símbolos de orixás, por exemplo, é uma manifestação direta da influência de práticas religiosas que se originaram nos quilombos e se espalharam pelo Brasil.

4. Formação das escolas de samba e blocos de rua

Esses dois, em muitos aspectos, são fruto da organização comunitária dos quilombos. Ambos são espaços de convivência e resistência, onde todos participam de forma igualitária e colaborativa, influenciando assim toda a estrutura dos primeiros blocos e agremiações carnavalescas.

Dessa forma, assim como as comunidades são formadas por uma coletividade que divide responsabilidades e celebra suas conquistas culturais, as escolas de samba e os blocos de rua atuais são organizados da mesma forma. Incluindo a participação ativa dos integrantes ao próprio espírito de união e resistência que permeia os quilombos são notados na maneira como as escolas de samba, em particular, constroem seus enredos e suas apresentações, sempre com ênfase na luta pela preservação da cultura afro-brasileira.

5. Celebração da resistência

É inegável que as nossas comunidades são fundamentais na construção de um legado de luta e liberdade, que acaba refletindo em várias manifestações culturais, e o Carnaval não é uma exceção. Muitas escolas de samba e blocos de rua abordam em seus enredos temas relacionados à resistência negra, como as histórias de Zumbi dos Palmares, por exemplo. As histórias contadas anualmente permitem que as gerações futuras se conectem com essa memória e compreendam nossa importância na formação da sociedade.

Então, conseguiu perceber nossa imensurável contribuição para esta folia que é comemorada nos quatro cantos do Brasil? A influência dos quilombos é um verdadeiro testemunho da resistência cultural, da preservação das tradições africanas e da construção de uma identidade afro-brasileira forte e vibrante.

Seja através dos ritmos, das danças, da organização comunitária ou da preservação da memória histórica, os quilombos continuam a influenciar e enriquecer as festividades fazendo com que essa celebração não seja apenas um momento de diversão, mas também de reflexão que não é tão óbvia para todos: o Carnaval é uma celebração da cultura do povo preto! Então, aprecie, respeite e esteja ciente de sua origem!