09 jan

COVID-19: Boletim epidemiológico da Conaq

A invisibilidade do alastramento da doença em territórios quilombolas revela uma situação potencialmente drástica, que não tem recebido a atenção devida das autoridades públicas e dos meios de comunicação dominantes. Dados da transmissão da doença em territórios quilombolas são subnotificados, pois muitas secretarias municipais deixam de informar quando a transmissão da doença e morte ocorre entre pessoas quilombolas. 

De acordo com monitoramento autônomo desenvolvido pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) junto aos territórios, em 09 de janeiro de 2021, foram diagnosticados nos estados que a CONAQ atua: 4.750(quatro mil setecentas e cinquenta) casos confirmados, 1.426 (um mil quatrocentos e vinte e seis) casos monitorados, 179 (cento e sessenta e nove) óbitos e 02 (dois) óbitos sem confirmação de diagnóstico (Bahia, Minas Gerais). A situação se agravou e os números são: Pará  46 óbitos; Rio de Janeiro 38 óbitos; Amapá 25 óbitos; Maranhão 13 óbitos; Pernambuco 10 óbitos; Goiás 10 óbitos, Espírito Santo 07 óbitos; Bahia 06 óbitos; Ceará  04 óbitos; Piauí 04 óbitos; Minas Gerais 03; Alagoas 02 óbitos; Santa Catarina 02 óbitos; Rio Grande do Norte 02 óbitos; Mato Grosso 02 óbitos; Amazonas 01 óbito; Paraíba 01 óbito; Tocantins  01 óbito.

Esses dados revelam uma alta taxa de letalidade da COVID-19 entre os quilombolas e uma grande subnotificação de casos. Situações de dificuldades no acesso a exames e denegação de exames a pessoas com sintomas têm sido relatadas pelas pessoas dos quilombos. 

Devido à falência estrutural de sucessivos governos e dinâmicas de racismo institucional, os quilombos não contam com um sistema de saúde estruturado, ao contrário, os relatos da maior parte dos quilombos é de frágil assistência e da necessidade de peregrinação até centros de saúde melhor estruturados. As condições de acesso à água em muitos territórios é motivo de preocupação, pois também dificulta as condições de higiene necessárias para evitar a propagação do vírus. Essa situação tende a se agravar exponencialmente com as consequências sociais e econômicas da crise da  COVID-19 na vida das famílias quilombolas. 

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