![Ecoturismo: Entenda porque o Quilombo Kalunga é referência no turismo sustentável Ecoturismo: Entenda porque o Quilombo Kalunga é referência no turismo sustentável](https://conaq.org.br/wp-content/uploads/2025/01/Entenda-porque-o-Quilombo-Kalunga-e-referencia-no-turismo-sustentavel.webp)
31 de janeiro de 2025
Ecoturismo: Entenda porque o Quilombo Kalunga é referência no turismo sustentável
As comunidades da região possuem mais de 400 guias que geram renda e ao mesmo tempo preservam a cultura e ancestralidade
Graças ao seu tamanho continental, rica quantidade de biomas e culturas, o Brasil é um dos países mais visitados do mundo quando o assunto é turismo. E não é devido a presença dos diversos imigrantes que procuram os destinos mais famosos do nosso país para enriquecer e ampliar seus conhecimentos. Diariamente os próprios brasileiros encaram a estrada, pegam um avião ou embarcam para criar momentos memoráveis.
No entanto, quando o assunto é o ecoturismo, um setor bastante explorado pelos quatro cantos da república, um público em específico tem começado a mostrar sua diversidade, práticas ancestrais e ao mesmo tempo conseguindo uma renda para investir em seus domínios de forma sustentável: os quilombolas.
Para quem não sabe, nas comunidades há um potencial imenso para a conservação da biodiversidade, fortalecimento e propagação da história que ao longo dos anos tentaram apagar. E um dos que tem feito um excelente uso do turismo sustentável é o Território Kalunga, especialmente em Cavalcante, Goiás.
Tendo isso em mente, a seguir você verá como a prática do turismo estruturado e organizado pode beneficiar tanto os quilombolas quanto o meio ambiente. Um deles é o que vem sendo praticado há muitos anos no território Kalunga. Confira!
É difícil encontrar uma pessoa que não tenha ouvido ao menos falar sobre a Chapada dos Veadeiros, pois o que poucos sabem é que esse local tão visitado fica localizado no maior quilombo do Brasil: o Kalunga. O turismo sustentável na região é uma poderosa ferramenta para valorizar e preservar tanto a rica cultura quanto os patrimônios naturais que ali se encontram.
Além disso, a abordagem integrada estimula a permanência no território, gera renda para as comunidades de forma sustentável e assegura que os saberes, valores e histórias sejam transmitidos de forma respeitosa e autêntica, garantindo a conservação do legado Kalunga e do Cerrado para as futuras gerações.
“O turismo ecológico destaca a exuberância dos nossos patrimônios naturais, como as cachoeiras, trilhas e paisagens únicas, conectando os visitantes à importância da conservação ambiental, e não é atoa que nosso território mantém 83% do Cerrado conservado e é reconhecido como primeiro TICCA do Brasil, Territórios e Áreas Conservados por Povos Indígenas e Comunidades Locais”, relatou Alcileia Torres, jornalista do Quilombo Vão de Almas que completou em seguida enfatizando a questão cultural:
![](https://conaq.org.br/wp-content/uploads/2025/01/Alcileia-Torres-e-Carlos-Pereira-quilombolas-do-territorio-Kalunga-1024x573.webp)
“Visitantes têm a oportunidade de vivenciar as nossas tradições ancestrais, como as festas tradicionais, a culinária típica e o artesanato, fortalecendo os laços comunitários e promovendo um verdadeiro encontro entre o passado e o presente, em uma expressão autêntica do afrofuturismo”.
Confira abaixo os benefícios do ecoturismo que podem ser um excelente aplicado nos quilombos espalhados pelos quatro cantos do Brasil!
1.Preservação da Biodiversidade
Através dessa prática é possível que haja um aumento no incentivo à conservação e ecossistemas locais, uma vez que as cifras geradas pelas visitas pode ser reinvestido em práticas de manutenção do bioma local. Sem esquecer que ao mesmo tempo é possível conscientizar os visitantes sobre a importância promover atitudes de respeito e cuidado.
2.Valorização da cultura local
É importante proporcionar aos visitantes experiências autênticas, que podem incluir oficinas de culinária, danças tradicionais e passeios guiados.Tudo isso de uma forma sustentável que permite que os mesmos conheçam e apreciem as práticas culturais quilombolas fazendo com que haja um fortalecimento da identidade comunitária e valorização do patrimônio cultural.
3. Desenvolvimento econômico
A receita gerada através do ecoturismo pode modificar a economia local, gerar empregos e oportunidades para os moradores. Isso tem um peso gigante principalmente em áreas onde há chances de emprego limitadas. “Tem famílias que passavam a necessidade na cidade, que retornam ao seu território e hoje está tendo condições financeiras de se manter no território a partir da guiagem, ou a partir do estabelecimento no restaurante, ou até mesmo dos pontos de dormir, uns quartos, um chalé, enfim, no próprio território”, afirmou Carlos Pereira, Presidente da Associação Quilombo Kalunga.
4. Educação ambiental
Por fim, um dos pontos de relevância para as comunidades é utilizar o turismo sustentável como espécie de plataforma de ensino onde os turistas aprendem sobre a biodiversidade, as práticas sustentáveis e a história dos quilombos, resultando em mais conscientização e respeito pela fauna e a flora.
Entretanto para quem deseja aplicar a prática em seus quilombos, uma sugestão para obter êxito é estreitar relações, fortalecer parcerias com organizações não governamentais, instituições de pesquisa e até mesmo aderir a projetos governamentais que possam facilitar a capacitação e o desenvolvimento de iniciativas de turismo sustentável e/ou comunitário.
![](https://conaq.org.br/wp-content/uploads/2025/01/Carlos-Pereira-guia-e-Presidente-da-Associacao-Quilombo-Kalunga-1024x573.webp)
Conforme mencionado acima, quanto mais quilombolas participarem de todo o processo, seja na parte administrativa ou até mesmo como guias e anfitriões, podem aumentar a autenticidade das experiências oferecidas e garantir que os benefícios da atividade sejam de fato direcionadas para a comunidade.
Ao valorizar a cultura e o meio ambiente, essa abordagem não apenas irá promover a sustentabilidade, mas também contribuir para a preservação dos conhecimentos ancestrais e a promoção da identidade quilombola.
Texto por Thaís Rodrigues CONAQ/Uma Gota No Oceano, publicado às 19:57:40
Categoria: Turismo Quilombola